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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O absolutismo e a sociedade da corte

LuĂ­s XIV Ă©, sem dĂşvidas, o maior sĂ­mbolo do absolutismo francĂŞs. O rei nasceu em 1638. Com a morte de seu pai, LuĂ­s XIII apenas 5 anos depois. O jovem rei foi educado pelo Cardeal Mazarino, e este o convenceu que o soberano governava por meio do direito divino, respondendo apenas a Deus e detendo o poder supremo na Terra. 

Analise os documentos a seguir. 

Documento 1 - MemĂłrias de LuĂ­s XIV

"As minhas maiores paixões", revelou LuĂ­s XIV nas suas memĂłrias, "sĂŁo, certamente, o amor e a glĂłria". O rei viveu como se a sua existĂŞncia fosse uma longa peça de teatro, em que todos os atos, gestos e palavras foram escolhidos e ensaiados para produzir o máximo efeito em seus sĂşditos. 
As principais aparições públicas do rei aconteciam nos "carousels", suntuosas festas ao ar livre, grandes eventos da corte. Na sua juventude, o rei participava, por vezes, de bailes, onde sempre fazia uma entrada espectacular.


Em uma festa realizada no início da década de 1660, foi cunhada para o rei, então com 24 anos, uma medalha em que o Sol se erguia sobre a Terra. A partir de então, Luís XIV passou a ser conhecido como "Rei-Sol" e os funcionários reais tinham instruções para submeter ao rei todos os assuntos de Estado.
Tal como o Sol, LuĂ­s brilhava. Tal como os planetas giravam em torno do Sol, os nobres franceses gravitavam ao redor do rei. O nascer e o pĂ´r do Sol marcavam o inĂ­cio e o fim de um dia de trabalho dos franceses, enquanto em Versalhes, o levantar e o deitar da estrela terrena da França, o rei marcava a vida dos cortesĂŁos e trabalhadores do palácio. 


LuĂ­s XIV governou a França durante um de seus perĂ­odos de maior prosperidade. Entre 1643 e 1715, ele estendeu as fronteiras e contribuiu para o fortalecimento do paĂ­s como potĂŞncia polĂ­tica e econĂ´mica. TambĂ©m patrocinou o trabalho de escritores como Voltaire e do dramaturgo Molière.

Documento 2 - Vatel, um banquete para o rei


Assistir a uma refeição do rei era uma honra; ser chamado por ele durante a refeição, a marca suprema do favor real; e comer com ele ou servir-lhe a comida, a máxima honraria. 
A gastronomia como é conhecida hoje teve origem na época do Rei Sol. Ele considerava essencial a culinária francesa se destacar. As sobremesas surgiram desse empenho pela diferenciação.
Assista a cena que representa a entrada do rei em um banquete preparado em sua homenagem, Se atente à grandiosidade das vestimentas e do Palácio de Versalhes.



Documento 3 - Versalhes

A vida no Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, onde a corte se instalou a partir de 1682, obedecia a duas regras básicas: nada se fazia a não ser que agradasse ao rei e tudo o que se fizesse deveria glorificá-lo.

No decorrer de seu longo reinado de 72 anos, muitos nobres abandonaram as suas propriedades para se tornarem cortesĂŁos e estarem prĂłximos do rei e da famĂ­lia real. 
No Palácio, jardins e bosques dos arredores, os nobres passavam o dia em atividades como a caça ou em jogos e a noite dançavam e ouviam música.

Mesmo que Luís não estivesse presente em uma sala, agia-se como se estivesse. Ninguém ousaria voltar costas ao retrato do rei ou entrar na sua sala de refeições ou no seu quarto de chapéu na cabeça ou sem dobrar o joelho.

O seu bisneto, Luís XV e o neto deste Luís XVI, continuaram a tradição real de vida luxuosa, mas nenhum se igualou ao Rei-Sol em carisma ou capacidade de decisão.

Explore o retrato de LuĂ­s XIV em 3D




A recriação do retrato de LuĂ­s XIV pintado por Hyacinthe Rigaud pela realidade virtual nos possibilita observar o monarca a partir da perspectiva do artista e apreciar todos os detalhes da suntuosa obra, como a decoração, os tĂŞxteis e os trajes. 


Documento 4 - O inventor do luxo

LuĂ­s XIV inventou o luxo tal como o conhecemos hoje. Tudo o que o rei usava se tornava moda, os diamantes e o champanhe, por exemplo, tornaram-se sinĂ´nimo de sofisticação e glamour em seu reinado. Os sapatos elegantes de salto alto foram idĂ©ia dos artesĂŁos palacianos. A gastronomia francesa, com seus chefs, e a alta-costura, com seus estilistas-estrelas, apareceram durante seu reinado, assim como as butiques, as grifes e os salões de cabeleireiros. 



As monarquias europeias sempre se cercam de luxos e riquezas para se diferenciar do restante da população, a diferença, no caso da corte de LuĂ­s XIV Ă© que o luxo deixou se transformar em objeto de consumo: a Europa ficou fascinada pelas criações da corte francesa. Todos queriam roupas, mĂłveis e receitas culinárias vindas da França – há atĂ© um estilo de mĂłveis e pinturas chamado LuĂ­s XIV. Os franceses souberam se aproveitar desse sucesso e transformaram a moda, os perfumes e a gastronomia em um dos alicerces da economia do paĂ­s.



A escritora estadunidense Joan DeJean, 
especialista em cultura francesa no livro The Essence of Style (A EssĂŞncia do Estilo), explica: "LuĂ­s XIV era obcecado pela idĂ©ia de que ostentar o luxo era uma forma de demonstrar poder". Segundo a pesquisadora, o apreço do rei pelo luxo nĂŁo era apenas uma questĂŁo de vaidade, mas parte da estratĂ©gia de promoção da França. Paris deveria ser admirada e seu esplendor devia deixar na sombra seus principais rivais, Londres e AmsterdĂŁ. 

Jean-Baptiste Colbert, ministro da economia e grande economista, lançou o primeiro jornal de moda, o Mercure Galant, como estratĂ©gia promover as vestimentas parisienses e as tornar cobiçadas. A partir de 1670, Colbert difundiu a ideia de que as coleções deveriam mudar a cada estação, incentivando o consumo.Quando o reinado de LuĂ­s XIV começou, a França nĂŁo exercia qualquer domĂ­nio sobre a moda. 72 anos depois, a corte francesa era sĂ­mbolo de estilo e bom gosto e os comerciantes dominavam lucrativo comĂ©rcio de artigos de luxo ocidental. O luxo movimentou, e muito, a economia. 

Atividade

1. Defina 3 palavras chave para cada documento. 
2. ApĂłs analisar os documentos, estabeleça a relação entre o poder absoluto francĂŞs, a sociedade da corte e a ostentação durante o reinado de LuĂ­s XIV. 
3. 




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Gabarito
3. Os monarcas absolutos ostentavam todo o luxo e riqueza que sua época poderia lhes proporcionar, tudo o que faziam ou usavam virava moda ao ser copiado pela corte que os rodeava, bajulava e paparicava. Esses monarcas se mostravam tão ricamente trajados, tão amplamente adulados para diferenciar-se das demais pessoas da nação, eram soberbos, nobres abençoados por Deus e não poderiam contentar-se apenas com o que contentava-se os simples mortais da época, é a ideia de personificação: "O Estado sou eu" como diria Luís XIV.

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