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quinta-feira, 5 de junho de 2025

Santos, uma cidade muito além das praias


Centro Histórico

No Centro histórico de Santos, construções do período colonial se misturam à edifícios do final do século XIX e início do século XX onde o estilo Belle Époque impera.

Mural "Um mar de esperanças" em homenagem aos 150 anos da imigração italiana - Rua Tuiuti, Centro Histórico. Entre o final do século XIX e meados do século XX, milhões de imigrantes deixaram a Itália pelo porto de Gênova, enfrentaram a difícil travessia oceânica e chegaram a Santos cheios de esperança em busca de uma vida melhor. 


Casa da frontaria azulejada


Uma das mais importantes construções do centro histórico, construída em 1865 para ser residência e armazém para a família do português Manuel Ferreira Netto. 
A porta dupla central permita a entrada de carruagens para carga e descarga de mercadorias, a família ocupava o segundo andar. 

Os lindos azulejos que revestem a fachada são em relevo (mais de 7 mil!) e foram importados de Portugal, além de esteticamente exuberantes, impediam a penetração da umidade característica do litoral e que ocasionam a deterioração da pintura externa. 
Hoje, o local abriga exposições e espetáculos culturais. 

Poesias e grafites estão em toda parte no Centro Histórico


Travessa da Rua 15 de Novembro

Vale a pena conhecer as obras do artista Leonardo Leite, o Prëo e suas obras pequeninas em tamanho, mas gigantes em sensibilidade nas ruas do Centro Histórico: https://www.preo.com.br/


Calçadão revitalizado na Rua 15 de novembro, uma das ruas mais importantes e preservadas do Centro Histórico. 

Rua 15 de novembro nas primeiras décadas do século XX, cartão postal

Detalhes que encantam - fachada do prédio em frente à Bolsa do Café

Postes de iluminação instalados pela Light, em 1927. 

Lambe-lambe Pelé beijoqueiro, aqui em um beijo em Bob Marley, é uma obra do artista Luis Bueno, na Rua do Comércio. 


O Casarão do Valongo foi construído entre 1867 e 1872 e, embora meus alunos tenham certeza que trata-se da Casa Verde de Simão Bacamarte (o Alienista), hoje abriga o Museu Pelé. 
Entre o final do século XIX até 1939, o casarão abrigou a Prefeitura e a Câmara Municipal da cidade. Em 1994, um incêndio de grandes proporções destruiu o prédio quase totalmente. A partir de 2010, uma enorme reforma foi realizada para abrigar o museu. 


Casarão do Valongo, século XIX

A estação do Valongo recebe seu nome devido à proximidade do estuário, que "vai ao longo do mar". É um projeto do visionário Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, para atender a recém inaugurada estrada de ferro Santos-Jundiaí, da companhia São Paulo Railway. A construção foi projetada na Inglaterra a partir do modelo da Victoria Station, em Londres. Um detalhe curioso é o telhado da estação, projetado para suportar neve 😂 e foi inaugurada em 1867. 
Hoje, é a parada do bonde que circula pelo Centro Histórico, além de sede da secretaria de turismo. 

O relógio simboliza a pontualidade britânica, as chegadas e partidas e o ideal capitalista do período "Time is money". 



Museu do Café - Bolsa


O café enriqueceu São Paulo. Toda a produção cafeeira era escoada do interior ao porto de Santos que, por sua vez, exportava a produção sobretudo para a Europa e Estados Unidos. 
Para negociar valores e estabelecer o preço e a qualidades dos produtos, a partir de 1917, Santos passou a contar com a Bolsa Oficial do Café. Inicialmente, ela funcionava em um prédio simples, mas, a partir de 1922, foi transferida para o edifício que conhecemos hoje como Museu do Café. 


A Torre do Relógio da Bolsa tem 40 metros de altura. No início do século XX, sua localização em frente ao porto servia de referência aos navios que atracavam. 

Torre do Relógio da Bolsa do Café visto do Monte Serrat - aqui é possível notar 3 das 4 esculturas, feitas pelo artista belga Adrien Henri Vital van Emelen, com 4,5 metros cada e representam a indústria, o comércio, a navegação e a lavoura. 

Bolsa do Café - visão lateral

Os deuses Mercúrio (Hermes) e Ceres (Demeter) guardam a entrada da Bolsa Oficial do Café de Santos 


Sala do Pregão


Nessa sala imponente eram realizadas as negociações. Há 70 cadeiras esculpidas em jacarandá, com mesas para os corretores e a mesa diretiva no centro, seguindo o padrão europeu característico da belle époque, em estilo art nouveau. O piso é revestido com diferentes tipos de mármore importados de diversos países da Europa. 


O vitral e as obras de Benedicto Calixto completam o luxo da Sala do Pregão. 

Vitral: A Epopeia dos Bandeirantes


Esse vitral fabuloso é de autoria do artista e historiador Benedicto Calixto e foi feito no famoso ateliê de vitrais da capital, a Casa Conrado para a inauguração do prédio da Bolsa do Café, em 1922.

Diversas alegorias e cores foram utilizadas pelo autor para representar o passado, a política e a economia paulista. A cena central representa a saga do bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, e seu encontro com indígenas a caminho do sertão, quando para amedrontá-los, ateou fogo em uma cuia com cachaça e disse lhes ser capaz de pôr fogo na água, por isso ficou conhecido como "diabo velho" ou Anhanguera, em tupi.


A Mãe de Ouro, rodeada pelas Mães d'Água, representam a riqueza natural do território explorado pelos portugueses. 

Além disso, é possível identificar figuras mitológicas das sociedades clássicas (Grécia e Roma antigas) como o deus Mercúrio no painel que representa a indústria e a deusa Ceres, representando a  lavoura e abundância.



A Fundação de Santos


Benedicto Calixto também pintou a grandiosa obra da Sala do pregão, o tríptico Fundação da Vila de Santos em 1545. No painel central, a releitura baseada nos estudos do pintor - e também historiador - representa a leitura do foral por Brás Cubas,  o pelourinho - símbolo da justiça e do poder - e as primeiras construções coloniais, além da população indígena e portuguesa. 

Click no lin para ver detalhes dessa obra magnífica: https://www.museudocafe.org.br/calixto/quadro2.html




O Porto de Santos em 1822 – Visto da Ilha Brás Cubas (atual Barnabé)

Ao clicar no link, é possível ver a obra em detalhes: https://www.museudocafe.org.br/calixto/quadro1.html


O Porto de Santos em 1922 – Visto do Morro do Pacheco

Ao clicar no link, é possível ver a obra em detalhes: https://www.museudocafe.org.br/calixto/quadro3.html

Santos em 1922, é possível perceber a posição de destaque que a Bolsa do Café ocupa na paisagem, bem como os armazéns onde o valioso produto ficava estocado antes de embarcar para os Estados Unidos e Europa. 

⚠️Acesse o link e descubra mais sobre Benedicto Calixto e o Museu do Café na exposição virtual: https://artsandculture.google.com/story/vAVhLZiw9o-zKQ

Exposições no mesanino




⚠️ Acesse o link e explore a linda exposição virtual  Pianistas de Armazém: Trabalho Feminino na Catação de Café: https://artsandculture.google.com/story/LwVhQQn06UY2Iw


Exposição temporária Café na mesa ou no balcão? 









Monte Serrat


No período colonial, o local era conhecido como Morro da Vigia devido à vista privilegiada da Baia de Santos. Desde o século XVII, ali fica a capela colonial construída para homenagear Nossa Senhora do Monte Serrat, hoje padroeira da cidade. 


No século XVIII, após a invasão dos holandeses comandados por Joris Van Spilbergen. A população, em pânico, subiu o morro e rezou pela proteção da santa. Os piratas os perseguiram, mas não conseguiram subir o morro devido a um grande deslizamento, os quais os santistas atribuíram a um milagre de Nossa Senhora do Monte Serrat. subir o morro 
Entre 1927 e 1946, funcionou no alto do Morro do Monte Serrat um cassino para a elite santista. Dois bondinhos funiculares foram importados da Europa e possuíam cortinas para preservar a identidade dos frequentadores do local. 











Porto de Santos 


Fotografia de Marc Ferrez, na década de 1880. O enorme movimento deve-se ao embarque do café

Com 16 km de cais, 45 km de navegação de canal e 53 terminais, e o Porto de Santos é o maior porto do país e da América Latina e movimenta cerca de 26,5% do comércio internacional brasileiro. 


Vista do Porto a partir do Monte Serrat


Todos os anos, o Porto de Santos movimenta mais de 100 milhões de toneladas de bens e mercadorias. 



A área de influência econômica do Porto de Santos engloba mais de 67% do PIB do Brasil e 49% da produção nacional e escoa a maior parte da produção agroindustrial do país. 






Catraias, pequenas embarcações que transportam passageiros entre Santos e o Guarujá, barcos a vela, escunas, lanchas, navios gigantes repletos de containers e navios de cruzeiros movimentam o porto de Santos.


Referências: 

Calixto: Discurso do Progresso e Identidade Paulista: https://artsandculture.google.com/story/vAVhLZiw9o-zKQ

Diagnóstico de revisão do Plano Diretor de desenvolvimento e expansão urbana do município de Santos: https://www.santos.sp.gov.br/static/files_www/files/portal_files/SEDURB/3-porto_de_santos.pdf

Museu do Café: https://www.museudocafe.org.br/home

Prefeitura de Santos: https://www.santos.sp.gov.br/

Porto do Café: A ótica de fotógrafos que produziram imagens que transitam entre o artístico e o registro, retratando um período de quase cem anos em que o grão foi o coração do porto: https://artsandculture.google.com/story/GwXBBCF5bXj1nw


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