A cidade de Meaux, na região de Seine-et-Marne, a leste de Paris, nas margens do rio Marne, é ocupada desde antes da chegada dos romanos, no século I a. C., por um povo denominado Meldes.
A fertilidade do solo e as condições climáticas favoráveis garantiam a abundância da produção de alimentos.
Os romanos escolheram ocupar essa região devido à proximidade com o rio - o que garantia o abastecimento de água e a localização estratégica da região - próximo a Lutece (Paris) e o litoral Norte do território que hoje é a França. Um acampamento fortificado foi construído, o castrum.
A área urbana de Meaux corresponde a um sétimo da superfície ocupada no início do Império Romano. Havia um anfiteatro e termas. A localização privilegiada favorecia o comércio.
Durante os anos de crise do Império Romano, na Antiguidade Tardia, para proteção dos habitantes, a muralha que vemos hoje foi construída.
Na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), para melhor se defender da invasão inglesa e garantir abrigo para a população crescente, a cidade cresceu para oeste. A muralha medieval confina com uma alta torre galo-romana, a “Tour Minée”.
No século XV, com o uso da artilharia e a tecnologia de canhões, as paredes da muralha precisaram ser espessadas. Canhoneiras foram instaladas nas torres para reforçar a proteção da muralha.
Ruelas medievais no centro histórico de Meaux. É incrível pensar que tantos séculos depois, a organização permanece basicamente a mesma, comércio no térreo e moradias nos andares superiores.
Durante a Idade Média, uma das formas de demonstrar a riqueza de uma cidade era a construção e a opulência de sua catedral.
Era em torno dela que as festividades aconteciam. Em seu interior, os bispos conduziam - e vigiavam -o povo na fé cristã.
Catedral Saint-Etienne de Meaux
Desde o século VII, há registros uma igreja e de um batistério, a Igreja de Santo Estêvão no centro da cidade amuralhada.
Devido ao seu longo período de construção, o desenho da catedral abrange vários períodos da arquitetura gótica.
O edifício gótico que conhecemos hoje começou a ser construído no século XII - por volta de 1185, inicialmente em estilo românico e, aproximadamente em 1269, foi necessário realizar uma reconstrução completa para corrigir os erros do projeto anterior, a reconstrução ocorreu em estilo gótico, mas obras apenas foram concluídas no final do século XVI ( Em 1540, os sinos foram instalados na recém-concluída torre de pedra norte).
Em 1358, as obras foram interrompidas devido à agitação política e a um grande incêndio que devastou a cidade.
No final do século XIII, as obras foram interrompidas diversas vezes por falta de recursos e pela Guerra dos Cem Anos, que afetou a região devido à ocupação inglesa, a cidade foi ocupada pelos invasores entre os anos 1422 e 1439.
A catedral atinge uma altura de 48 metros; no interior, as abóbadas do coro chegam a 33 metros. A ornamentação se destaca pela suavidade e luminosidade. Se destaca também um incrível órgão do século XVII.
Estátua de Joana d'Arc
A catedral conta ainda com uma estátua de Jeanne d'Arc, hoje santa e heroína da França.
Joana D'Arc (1412 – 1431) teve importantíssimo papel no cerco de Orléans e na coroação de Carlos VII durante a Guerra dos Cem Anos, quando liderou o exército francês contra a ocupação dos invasores.
Ela foi capturada, condenada como herege e queimada na fogueira pelos ingleses, quando tinha 19 anos.
Sua condenação por heresia foi posteriormente anulada. No entanto, ela foi canonizada pela Igreja Católica apenas no século XX, em 1920.
O papa Calisto III, no século XV, anulou a condenação de Joana d'Arc.
Guerras Religiosas, Revolução - a Catedral enfrenta o tempo e a fúria dos franceses... e resiste!
Em meio às guerras religiosas, no século XVI, entre católicos e protestantes calvinistas, chamados huguenotes na França, a catedral foi invadida e muitas esculturas danificadas.
Já na Revolução Francesa, muitos arquivos e documentos foram destruídos.
Túmulo Jacques-Bénigne Bossuet
O túmulo mais famoso da catedral é do bispo e filósofo Jacques-Bénigne Bossuet, teórico do Absolutismo. Há também um monumento com várias estátuas, mas sua verdadeira sepultura está no centro do edifício.
Jacques-Bénigne Bossuet foi apelidado de "L'aigle de Meaux" (a águia de Meaux), pois foi bispo da cidade entre1681 a 1704, por isso a água em seu monumento funerário.
Memória das Guerras do século XX
No interior da catedral há uma colorida placa comemorativa instalada para a Commonwealth, prestando homenagem, em francês e inglês, ao milhão de britânicos mortos em a Grande Guerra (a Grã-Bretanha também contou 1.650.000 feridos).
Homenagem aos soldados motos pela França na Grande Guerra (1914-1918)
Memórias de outros tempos, antiga entrada da Igreja de Saint-Cristophe
Seguindo a rua principal, encontrei uma porta que um dia foi de uma igreja, em homenagem a São Cristóvão, santo padroeiro dos viajantes. Hoje ela sustenta um edifício que é uma moradia estudantil.
Nesse lugar, desde o século IX, existia uma antiga capela, ampliada no final do século XV. A sua fachada principal, voltada a poente, dava para a Rue Saint-Christophe. Esta igreja localizava-se junto a um eixo de trânsito principal, em pleno centro comercial; as irmandades de jardineiros e carpinteiros tinham ali suas capelas.
Os viajantes que passavam por Meaux podiam ler, gravada num dos portais da igreja, a seguinte frase: “Veja Christophe e viaje sem medo. A igreja foi demolida durante a Revolução. Tudo o que resta hoje de todo o edifício é este portal.
Monumento aos mortos pela França
O monumento aos mortos da cidade de Meaux foi inaugurado em 24 de maio de 1903, após a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Em cima da coluna, Esta a vitória alada presta homenagem aos jovens da cidade mortos nesse conflito.
Na sua base, um leão observa, olhando para o leste e para a “Linha Azul dos Vosges”. Relembra a resistência de Belfort contra os exércitos prussianos.
Após a Grande Guerra, o monumento foi ampliado. As outras faces do pedestal homenageia os mortos nas guerras do século XX. Os nomes dos filhos de Meaux, falecidos pela Pátria em 1914-1918 - época em que quase 40 mil monumentos foram construídos ou adaptados pelo país, depois em 1939-1945, aparecem em placas fixadas na parede.
Monumento aos mortos de Meaux nos conflitos do final do século XIX (Guerra Franco-Prussiana) e Século XX, I Guerra Mundial e II Guerra.
Em 1923-1924, o capacete do soldado Adrian foi inserido nos pilares do portão.
Os nomes dos mortos de 14 a 18 anos estão gravados em placas que os homenageia (Enfants). Desde 1945, uma placa adicional lista os mortos da Segunda Guerra Mundial.
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