Aqui só tem História

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quarta-feira, 1 de abril de 2020

Atenas - Dicas para construir o roteiro - o que ver, onde comer...

Em julho de 2019, estivemos em Atenas por 7 dias. Definitivamente, foi a realização de um velho sonho, no entanto, ouso dizer que muito melhor do que eu esperava.

Magnífica vista da Acrópole a partir de Plaka




Todos os sites e blogs aconselham ficar pelo menos 4 dias na cidade, mas sendo eu historiadora e louca dos museus, decidimos ficar a semana toda, ver tudo com calma, além de poder voltar aos lugares que mais gostamos. 

As boas vindas no aeroporto adiantam o que viria: chegamos à terra dos deuses e éramos bem vindos! 
É uma mistura de emoções, Maratona está no horizonte, o Porto Pireus continua movimentado e funcionando, como há dois mil anos, as pessoas se chamam Atena, Artemis, Apolo, Ares...
Não tem como não ser arrebatada por tamanho encantamento... 
Atenas é caótica e assusta à primeira vista, parece São Paulo em seu lado mais desleixado, porém, ao olhar para cima, lá está ela, a magnífica Acrópole. 


Valores: 
Taxi do aeroporto ao centro: 40 euros - durante a madrugada, pagamos 48 euros.

Ficamos hospedados em Plaka, o bairro mais antigo da cidade. Ficamos em um B&B limpinho, super atendeu nossas necessidades e teve ótimo custo benefício. (Athens Studio) https://www.booking.com/hotel/gr/athens-backpackers-and-studios.pt-br.html

Literalmente estávamos aos pés da Acrópole. Ali tudo acontece, bares, restaurantes, vendedores ambulantes... tudo muito lindo e colorido.

Nossa primeira refeição em Atenas - literalmente na Cave os Acropolis - um de nossos restaurantes preferidos, comida boa e preço honesto, voltamos muitas vezes... 


Lembramos de Mama Mia - Apollonia... rsss

É um vício... ímãs de viagem - de 2 a 5 euros

Olhos gregos, como adoro vidro colorido, trouxe muitos! 

Azeitonas de todas as cores

Plaka logo cedinho, antes do calor e dos milhares de turistas... 

O bairro é muito boêmio e o povo ateniense é muito acolhedor, além de gostar de conversar. Como ficamos vários dias,  fizemos o que mais gostamos, elegemos nossos restaurantes preferidos, sorveterias, iogurterias. Provamos, conversamos, vimos, nos encantamos...  
Entramos em muitas lojas, conversamos com vendedores, achamos igrejas escondidas, assistimos missas, sentamos nas praças e vimos a vida passar... 


Monastiraki: 

O grego é honesto e trata os turistas muito bem, em geral, não há enganações ou pegadinhas. 
Logo próximo a Monastiraki, há inúmeras opções de lojas que vendem condimentos, vinhos, azeites de Creta - que dizem ser o melhor (entre 5 e 8 euros). Claro que há também os ultra caros, mas não é nosso caso... 
Apenas cuidado com bolsas e carteiras nessa área, não dê sopa para o azar... 
Nessa região fiz duas aquisições que valeram muito a pena: sabonetes de azeite de oliva e creme labial a base de mel, baratinhos e excelentes, além de super cheirosos. 

Resultados da pesquisa

Resultados da Web

Delícias Gregas: 



A comida grega é linda e saborosa. Muito bem temperada e, em comparação a outros países da Europa, barata. Nossos pratos preferidos foram: 

                              
Restaurante Vyzantino - bem no coração de Plaka - delicioso! Foi nosso preferido! 

Stuffed Tomate: tomates recheados com um risoto temperado com especiarias. De lamber os beiços de tão bom! 
Preço: de 5 a 7 euros. 

Salada Grega: linda, fresca e deliciosa. Tomates, pepinos, cebola roxa, pimentão verde e queijo feta (intenso e muito saboroso). 
Preço: de 5 a 7 euros. 

                             Deliciosa salada grega - perfeita para uma noite quente de verão

Giros: Carne tipo churrasco grego, com pita bread, molho de iogurte e salada.
Preço: de 8 a 12 euros. 


                                      
                                      
                                   

Kebab: geralmente acompanhado de salada e pita bread. Muito saboroso, embora tenhamos comido alguns com forte gosto de tempero de canela, ai não apeteceu. 
Preço: de 5 a 7 euros. 

                         

Moussaka: Um tipo de lazanha de beringela - preferido da Ana Clara em toda a viagem, mas não por mim, mesmo eu sendo muito fã de beringela... 
Preço: 7 euros. 

                           

Frutos do Mar: 
Porções de lula frita: 6 euros.

Lula recheada com queijo Feta - 10 euros

                                      
Uau define! Essa eu comi em Skopelos, mas se encontrar em Atenas, não hesite em pedir, dos deuses! 

Polvo: a partir de 12 euros. 

                     
Porção de peixinhos fritos: parecem o nosso lambari e são tão saborosos quanto! Uma delícia para o Happy Hour Time! 
Preço: 9 euros.

Peixes são bem caros, apesar de vermos lindos combinados passando, a conversão do nosso desvalorizado real nos impediu de pedir. 

                       

Há opções de carne de porco ou cordeiro com arroz e fritas, nada muito saboroso ou espantoso... 
Preço: de 8 a 12 euros.

                                         
Iogurte com morango e mel  - 8 euros - o iogurte, por ser feito a partir do leite de cabra, apresenta uma consistência bem diferente do que comemos aqui no Brasil. Eu gostei! 

                             
Cerveja e vinho da casa, combinação perfeita para o fim de tarde. 

Nossa viagem se organização atendendo aos anseios da historiadora e ainda garantindo a alegria do marido e da filha ;)
7 dias em Atenas - 2 bate volta - Templo de Poseidon e Nafplio (com Micenas e Corinto) no Peloponeso.
2 dias em Metora;
2 dias em Delfos;
5 dias na ilha de Skopelos
1 dia na ilha de Skiatos. 


Para ler sobre: 

Visita à Acrópole e Museu da Acrópole: 

http://aquisotemhistoria.blogspot.com/2019/09/visita-acropole-de-atenas.html

Visita ao Templo de Zeus Olímpico: 

http://aquisotemhistoria.blogspot.com/2019/08/atenas-o-templo-de-zeus-olimpieion.html

Bate volta a partir de Atenas - Templo de Poseidon: 

http://aquisotemhistoria.blogspot.com/2019/08/o-templo-de-poseidon-cabo-sounio.html



domingo, 29 de março de 2020

A Peste Negra

Rotas comerciais, batalhas e doenças...


Note que a peste negra segue o caminho das rotas comerciais da Baixa Idade Média: 


              (...) chamada peste bulbônica, pois se caracteriza pela presença de gânglios linfáticos inchados e doloridos (bubões) na virilha e nas axilas, existia de modo endêmico na Ásia Central e na China. Tanto que o Ocidente foi poupado por muito tempo. Até o dia funesto de 1346, quando os tártaros da Horda Dourada decidiram sitiar o porto de Caffa, entreposto comercial genovês na Crimeia, às margens do Mar Negro. O bacilo da peste (ou bacilo de Yersin), transmitido pelas pulgas dos ratos negros que acompanhavam as tropas mongóis, logo infectou tanto os sitiantes quanto os sitiados, pois os sitiantes, já doentes, acharam lógico compartilhar seu mal com os sitiados e catapultar os cadáveres por cima dos muros para infectar a cidade. Seja como for, os tártaros acabaram inventando a primeira guerra biológica! Vamos nos abster de lhes dar os parabéns.

Representação da Horda de Ouro
https://farbitis.ru/pt/historical-geography-of-russia/who-broke-the-golden-horde-story-what-is-the-golden-horde/

         Contudo, essa guerra longínqua se alastrou. Um navio de comerciantes genoveses conseguiu escapar antes que o cerco terminasse... Os negócios eram prioridade para os genoveses, que foram logo transportando o carregamento para seus clientes. Para isso, fizeram uma escala em Messina, em setembro de 1347. Depois Gênova e, por dim, Marselha, em dezembro do mesmo ano. E, a cada parada, a peste negra se alastrou no ritmo da descarga das mercadorias, assim como os ratos que a acompanhavam. Uma espécie de epidemia experimental bastante involuntária. 
       Era possível, portanto, seguir a peste conforme se seguem os ratos. Um pequeno detalhe da história: a ratazana asiática transmissora da peste tomou rapidamente o lugar do ratinho europeu. Tanto que, em Marselha, no ano de 1347, não havia mais gatos para atacar os ratos mongóis! 
          O leitor que ficou intrigado com esse relato, pode, com toda a razão, se perguntar por que os gatos europeus ficaram apavorados diante dessa nova espécie de 'ameaça amarela'. Porque esse não é o caso: a história é ainda mais terrível. De modo geral, a Idade Média não foi uma boa época para os gatos da Europa. Eles, de fato, tinham a má reputação de, entre outras coisas, serem animais maléficos, detentores de poderes assustadores. Uma bula papal de 1233 chegara a especificar que os gatos pretos eram servos do diabo. Até se corria o risco de ser acusado de feitiçaria pelo simples fato de ter um... A Inquisição logo se encarregaria de combater todas as formas de bruxaria e satanismo, o que incluía naturalmente a erradicação dos gatos. Tanto que os pobres bichanos desapareceram das cidades e dos portos, deixando o terreno livre para os ratos, sua presa ancestral.

Observe o mapa que apresenta o ano da chegada da peste a cada importante porto comercial da Europa:



          Por ironia da história, quando o papa Inocêncio VII exigiu que a erradicação dos gatos se intensificasse - o que custaria a vida de milhões de animais -, foi a vez da devota cidade de Avignon, então cidade papal, ser atacada pela doença. É bem possível que a presença de gatos tivesse freado a propagação da epidemia, que acabou causando devastação por toda a Europa. Estima-se que, em cinco anos, a peste negra fez 25 milhões de vítimas, ou seja, de 30 a 50% da população ocidental! 

Revista História Viva - Edição 18

             A moral da história, como diria La Fontaine, por motivos diferentes, mas intimamente ligados, é que não era nada bom ser homem ou gato em Marselha naquela época.

FABIANI, Jean-Nöel. A Fabulosa História do Hospital, da Idade Média aos dias de hoje. Porto Alegre: L&PM, 2019. p. 22 a 24

Vale a Pena Ler: 

A fabulosa história do hospital: Da Idade Média aos dias de hoje ...


https://www.amazon.com.br/fabulosa-hist%C3%B3ria-hospital-Idade-M%C3%A9dia/dp/8525438383 Acesso em 28 mar 2020. 

Jean-Nöel Fabiani, cirurgião e professor de história da medicina conta a história do hospital e, consequentemente, da medicina. A linguagem fácil e atrativa cativa o leitor e instiga a curiosidade sobre essa fascinante aventura: a análise do corpo humano e arte de curar!


Os gatos na Idade Média: 

A lei medieval era implacável com os gatos, principalmente no século XIII, nos pontificados de Inocêncio VII e Gregorio IX, exatamente no momento em que poderiam ter sido decisivos no combate à temível Peste Negra, foram ferozmente caçados pela Inquisição sob acusação de representarem a própria personificação do diabo.