Aqui só tem História

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sábado, 28 de setembro de 2019

Visita a Acrópole de Atenas

"A nossa cidade, de acordo com a vontade de Zeus e com o pensamento dos bem-aventurados deuses imortais, nunca será destruída, porque a protetora tão generosa, filha do poderoso deus, a Atena Palas, tem as suas mãos postas sobre ela". 
Sólon
Reconstituição da provável aparência do Partenon em seu esplendor, século V a. C.
DROSOU-PANAGHHIÓTOU, Niki. Atenas. Os monumentos com reproduções.
As origens de Atenas históricas de Atenas encontram-se envoltas a mitos e tradições, chegar à terra dos deuses e perceber a genialidade dos homens que construíram esses monumentos tão esplêndidos! 

Acrópole vista do bairro de Plaka
As escavações arqueológicas mostram que a Acrópole já era ocupada na Idade do Cobre, por volta de 4.000 a.C.
Os primeiros vestígios de muralhas, datam o período micênico, por volta do século XIII a. C., elas protegiam toda a volta do rochedo sagrado e o palácio do rei. Nesse momento histórico, a Ática dividia-se em 12 pequenas cidades, com destaque para Cecrópia (Atenas), Elêusis e Maratona. 
Quando o culto a Atena foi adotado, a cidade, em sua homenagem, adotou o nome clássico. 
São importantes reis míticos desse período: Cércope, Pandión, Erecteu, Egeu e Teseu. O palácio ocupava o local onde hoje está o Erection. Acredita-se que alguns reis tenham sido ali enterrados. 
Teseu é considerado o principal fundador de Atenas. A ele deve-se o fim do tributo de sangue pago a Creta (leia mais sobre o mito: http://aquisotemhistoria.blogspot.com/2019/08/o-templo-de-poseidon-cabo-sounio.html). Além disso, entre seus grandes feitos está a união das cidades da Ática sob liderança de Atenas, comemoradas nas Panateneias. 



Após a era dos reis, por volta do século VIII a. C., a Acrópole tornou-se um local de cultos a deusa Atena. No século VI a. C. templos monumentais foram construídos, ostentando a enorme riqueza da cidade. 


O primeiro grande assalto e posterior destruição a Acróple ocorreu em 480 a. C. com o ataque persa. 
Péricles, o grande governante, comandou a reconstrução, que se estendeu até 447 a. C., momento em que a Acrópole adquiriu a maioria das características que possui até hoje, com o magnífico portão de entrada, o Propylaia, o Templo de Atena Nike e o Erecteion, convertendo-se em centro espiritual e artístico do mundo antigo. 


A partir da difusão do cristianismo,  o culto aos deuses antigos entraram em declínio. A partir do século V da nossa era, a Acrópole e seus templos passaram a servir como templos cristãos, dedicados a Virgem Maria (Panaya). No entanto, essa reconfiguração possibilitou a preservação dos templos antigos. 
Da Idade Média à Contemporaneidade, a história da Grécia confunde-se com ocupações e expansões: entre os séculos XIII ao XV, a Acrópole foi transformada em fortaleza e trocou de mãos muitas vezes: francos, catalães, venezianos, florentinos. 
Já sob o comando dos turcos, séculos XV ao XIX (1458-1833), a região tornou-se quartel general do alto comando turco e área residencial para as famílias turcas. 
A partir da libertação e da formação da Grécia moderna, a área tonou-se sítio arqueológico. No entanto, os séculos de ocupação inadequada, terremotos, incêndios e bombardeios causaram enormes danos estruturais. 
Apenas em 1975, foi criado o Comitê de Conservação dos Monumentos da Acrópole (ESMA) que trabalha incansavelmente para que as restaurações continuem. 

Acrópole ao longo do Tempo - Reconstituições - Museu da Acrópole

       
Acrópole por volta de 1200 a.C.
Muralhas fortificadas, portão, bastião, cavernas, nascentes
Nos primórdios da ocupação humana na região, a Acrópole era o local ideal para os primeiros assentamentos. A extensão nivelada do cume, as subidas acentuadas, as nascentes e cavernas ofereciam segurança e as necessidades essenciais para garantir a sobrevivência no período.
Durante o período Neolítico até o final da Era do Bronze, conhecido como Período Micênico, a Ática era constituída por pequenos principados que, por sua vez, eram formados de pequenos vilarejos. O mais forte e organizado desenvolveu-se ao redor da Acrópole. O rei exercia papel religioso e político. 



Acrópolis por volta de 480 a.C


Acrópole por volta do século V a.C.



Enfim, a Acrópole



A Coruja, símbolo de Atena


Museu da Acrópole

A coruja, pássaro noturno, com excelente visão, fazia ninhos nos rochedos da Acrópole, por isso é considerado o pássaro sagrado da pólis, emblema da cidade,  símbolo da deusa  e associado à sabedoria. A partir do século VI a. C. era impresso em um dos lados dos dracmas atenienses.

Chegada à Acrópole

Teatro de Dionísio

Dionísio, deus da vegetação, vinho, embriaguez e dança, era muito popular na Grécia Antiga. Seu símbolo era um bastão (tirso), envolto em ramos e folhas de hera. Cântaros, copos de vinho e máscaras teatrais. Seus companheiros eram Maenads. Sátiros e Sileni. 
O santuário mais importante de Dionísio localiza-se ao sul da Acrópole, onde os cidadãos comemoravam os festivais dionísicos, chamados As Grandes Dionísias, que ocorriam no início da primavera. 
Os cultos atenienses a Dionísio gradualmente  deram origem ao drama, que se transformaram em competições. O Teatro de Dionísio localiza-se logo abaixo do Santuário. 


Monumento aos poetas dramáticos - Parados Oriental

Teatro de Dionísio - construído no final do século IV a. C. Sofreu muitas modificações ao longo do tempo, principalmente durante o período romano. 

Vista do Teatro de Dionísio a partir da Acrópole
Máscaras teatrais, provavelmente do Teatro de Dionísio - Museu da Acrópole - Século II a. C.
Apenas homens podiam atuar. As máscaras tinham dupla função: impediam que o ator fosse reconhecido e possibilitava aos que estivessem mais distante do palco acompanhassem as emoções encenadas, além disso, um mesmo ator poderia interpretar diferentes papeis. 

Jovem Dionísio com máscara teatral e Papposilenos, velho de Silen, que foi seu tutor, em seus ombros. Museu da Acrópole - Século II a. C. As características facial são do filósofo Socrates. 

Odeon de Herodes

Terceiro e mais impressionante dos teatros de Atenas. Construído aos moldes romanos, data o século II a.C. (cerca de 161 a. C). Semicircular, sua fachada é formada por aberturas arqueadas. As escadas e entradas eram decoradas com mosaicos. 



                                           





A entrada do santuário

Propielus ou Propylaia, encontra-se no lado ocidental da Acrópole. Suas colunas dóricas formam os portões de acesso ao rochedo sagrado. São 6 colunas no lado ocidental e duas filas de colunas jônicas que conduzem à maior das cinco portas. O teto era apoiado pelas vigas de mármore. 
Para os gregos, propileu, no singular, significava uma sala para receber hóspedes, enquanto no plural,  propileus, como é o caso aqui, para designar uma entrada monumental, com mais de uma porta. 

Reconstituição da provável aparência do Propylaia, século V a. C.
DROSOU-PANAGHHIÓTOU, Niki. Atenas. Os monumentos com reproduções.

Chegada ao alto da Acrópole





Desde o período micênico, a Acrópole tinha sua entrada guardada por uma torre. Quando, sob o governo de Pisístrato, o local foi declarado oficialmente um local de culto, ali se construiu o primeiro propileu, que acabou destruído pela invasão persa, em 480 a. C. 
Péricles ordenou a reconstrução do propileus. O arquiteto Mnésicles foi o responsável pela incrível obra, que se estendeu, de 437 a. C. a 432 a. C. Com a Guerra do Peloponeso, a obra não foi finalizada. 
O acesso aos propileus dava-se por uma rampa de 80 metros de comprimento e 20 metros de largura, facilitando a entrada de homens e animais de carga, que transportavam materiais ou mesmo bois e carneiros destinados aos sacrifícios aos deuses. 
A escada monumental foi construída na época romana, século II a. C.
Assim como toda a Acrópole, os propileus sofreram com as sucessivas ocupações:
- Os bizantinos o converteram em sede episcopal, 
- Os francos em local de serviços administrativos, 
- Os florentinos, como residência, construindo uma torre meridional que acabou demolida no século XIX, 
- Os turcos, por sua vez, utilizaram os propileus como depósito de pólvora e selaram seu destino, quando em 1645, um raio provocou uma enorme explosão e destruição desse imponente edifício. 



Entrada pelo Propylaia

O Partenon

No ponto mais alto e notável do rochedo sagrado ergue-se o impressionante Partenon. Fruto do trabalho de gerações de artistas e arquitetos trabalharam para realizar a mais impressionante obra em honra a deusa Atena. A palavra Partenon significa câmara da deus Atena Parthenos. 
O templo antigo foi destruído pelos persas em 480 a. C. O atual utilizou as bases do antigo, e teve Fídias como criador das decorações. Em 438 a. C. os atenienses, durante as Panateneias, viram o magnífico resultado final pela primeira vez.



Reconstituição da provável aparência do Partenon em seu esplendor, século V a. C.
DROSOU-PANAGHHIÓTOU, Niki. Atenas. Os monumentos com reproduções.


A estrutura é toda de mármore em estilo dórico, com 69 metros de comprimento e 30 metros de largura. São 46 colunas no total. O telhado era de madeira com telhas de mármore. No Museu da Acrópole pode-se ver toda a extensão das obras restantes dos frisos e frontões.




                                          
Acrópole - vista da cidade e templos

Os frisos do Partenon - Museu da Acrópole

Reconstituição do frontão oeste






Frontão Leste - o nascimento de Atena na presença dos deuses do Olimpo, a partir de um desenho de um viajante do século II d. C., Pausanias. No centro da cena, Zeus e Atena (figuras que sobreviveram parcialmente). Outros deuses estão dispostos tanto na direita quanto na esquerda fazendo com que o frontão adquira formato triangular. A carruagem do deus Helio e Selene completa a composição nas duas extremidades. 
Acredita-se que a perda das figuras centrais esteja relacionada a ocupação do edifício pela Igreja Católica, a partir do século VI d. C. 

As Panateneias

The Acropolis Museum Guide
Authors: Dimitrios Pandermalis, Stamatia Eleftheratou, Christina Vlassopoulou

As Panateneias celebravam o aniversário da deusa Atena. Os cidadãos subiam o rochedo sagrado em grandes procissões para oferecer sacrifícios e oferendas à deusa. 

O Erectéion

Construído sobre as ruínas de um antigo templo dedicado a deusa Atena Polias, destruído pelos gregos em 480 a. C, este era o mais sagrado local de adoração da pólis de Atenas. De estilo jônio, esse incrível templo era dedicado a muitos deuses. Nesse local adoravam-se a Mãe Terra, Hefestos, Atena e Poseidon.
Aqui, vários reis antigos foram enterrados, como Erecteu (a quem o edifício homenageia em seu nome), Cécrope (representado como uma serpente na parte inferior do corpo). Acreditava-se que aqui habitava a serpente guardiã. 
No interior do templo ficava a estátua da deusa Atena, feita de madeira de oliveira, a árvore sagrada. Os atenienses acreditavam que a estátua não havia sido talhada por mãos humanas, mas sim, enviada do Olimpo para honrar a cidade. Nas festas Panateneias, essa estátua saia em procissão coberta por um véu, tecido pelas jovens aréfonas (meninas de 7 a 11 anos, de famílias nobres que viviam na Acrópole e eram dedicadas a deusa Atena Polias). Em frente a deusa, o fogo sagrado ardia





Possui dois pórticos, o noroeste e o sul. O teto é apoiado pelas estátuas das seis Cariátides. O nome provém da época romana, fazendo menção a beleza das mulheres de Cárias, na região da Lacônia. As seis estátuas, ricamente vestidas com túnicas plissadas e penteadas, olham, imponentes, para o Partenon, em suas cabeças, um cesto, em cima do qual se apoia o telhado. Cada uma possui características próprias, apesar de parecerem idênticas ao observador distante. Os braços não sobreviveram ao tempo. As estátuas originais estão no Museu da Acrópole. 
No século XIX, o embaixador britânico em Constantinopla, lord Elgin, recebeu permissão do sultão para estudar, desenhar e se necessário, remover peças de arte da Acrópole. Dessa forma, empregou trabalhadores locais e removeu a Cariátide e partes do friso do Partenon (Mármores de Elgin) levando-os para Londres. Hoje, encontra-se no British Museum. 
Desde então, os gregos exigem sua devolução. Segundo a tradição, a noite, é possível ouvir suas irmãs chorando de saudade. O Museu da Acrópole deixou o espaço a ela reservado vazio, aguardando a devolução. 



Reconstituição da provável aparência do Erecteion, século V a. C.
DROSOU-PANAGHHIÓTOU, Niki. Atenas. Os monumentos com reproduções.

Atena é a deusa protetora da cidade, adorada no Erecteion. Acredita-se que a estátua de madeira de oliveira sagrada se assemelhava-se as pequenas representações acima. Museu da Acrópole. 



Portico das Cariátides, detalhe. 


Muitos estudiosos levantaram possibilidades sobre o significado das Cariátides, a mais aceita seria a função de guardiãs da tumba do rei mítico, Kekropeion, que se localizaria logo abaixo do edifício. Elas seriam sacerdotisas que ofereceriam libações ao rei morto, usando o philai, uma espécie de véu, que carregariam em suas mãos. 

Erectéion - vistas laterais



As Cariátides no Museu da Acrópole

Para proteger as esculturas da poluição e da chuva ácida, em 1979, as Cariátides foram removidas da Acrópole. O processo de restauro foi lento. Cada uma das estátuas demorou cerca de sete meses para ser restaurada. O processo terminou apenas em 2014. 


Note o espaço aberto para a sexta Cariátide. Os gregos esperam sua volta para casa. 









A Acrópole a noite - vista de Plaka

Embora esteja no fim da postagem, essas imagens da Acrópole a noite, foram minha primeira visão desse local incrível! 


Souvenirs de Atenas, a Acrópole para levar! 

Para saber mais:
Museu da Acrópole: https://www.theacropolismuseum.gr/en

Referências bibliográficas:
DROSOU-PANAGHHIÓTOU, Niki. Atenas. Os monumentos com reproduções.
The Acropolis Museum Guide. Authors: Dimitrios Pandermalis, Stamatia Eleftheratou, Christina Vlassopoulou