Aqui só tem História

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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Dentes de Waterloo - como as Guerras Napoleônicas se relacionam com as dentaduras na Inglaterra

Waterloo, localização próxima à Bruxelas na Bélgica, foi o local onde ocorreu a derrota final de Napoleão Bonaparte pelos ingleses e encerrou sua carreira política e militar. Além da derrota final do Grande Exército, mais de 10.000 franceses foram mortos. 


Um fato curioso e, ao mesmo tempo assustador, é que muitos dos soldados franceses eram jovens saldáveis e, por isso, tiveram os dentes arrancados após a morte no campo de batalha para serem levados à Inglaterra, serem transformados em dentaduras e vendidos a altos preços! 

O termo "dentes de Waterloo" deve-se ao bom estado dos dentes de jovens soldados mortos aos milhares nos campos belgas.

Fontes arqueológicas comprovam que doenças dentárias eram comuns nos séculos passados, e, a partir do século XVIII, os casos de carie aumentaram drasticamente pelo alto consumo de açúcar. Uma das consequências disso foi a perda precoce de dentes, o que ocasionava, além de dificuldades estéticas, problemas para se alimentar. 

Próteses dentárias eram caras e os pouco funcionais. O uso de dentes reais para substituir os perdidos foi uma tentativa de alcançar sorriso mais natural. Os dentistas ingleses lixavam a base dos dentes e as ficavam na prótese de marfim. 


A montagem de uma fileira cheia de dentes humanos custaria a um cliente 31 libras e 10 xelins, enquanto um conjunto completo valia impressionantes £ 73 -  quatro anos de salários para um trabalhador não qualificado.


Antes das Guerras Napoleônicas, os dentes humanos para as dentaduras - principalmente os dentes da frente, fáceis de remover intactos -  eram adquiridos de criminosos executados, corpos exumados e até de animais 🤢. Muitas vezes, esses dentes estavam podres, desgastados ou contaminados com sífilis. A perspectiva de uma superabundância de dentes jovens e saudáveis ​​no campo de batalha foi uma sensação entre os dentistas ingleses! 


Note na fotografia que, apesar dos dentes da frente serem dentes humanos, os de trás são esculpidos em marfim

Em 1825, uma década após Waterloo, o inventor americano Zachariah Allen visitou Waterloo e depois notou como lhe foram oferecidos dentes recém-tirados de um esqueleto descoberto durante a construção do memorial Lion's Mound: ‘enquanto eu estava perto dos trabalhadores, que transportavam terra para o topo do monte, um dos trabalhadores virou um esqueleto humano com sua pá. "Ele rapidamente extraiu os dentes e me trouxe um punhado deles para venda. O guia observou para mim que, embora os dentes estavam bons e formavam um artigo comercial considerável para abastecer os dentistas ingleses e franceses."

O Lion's Mound é uma colina artificial de 43 metros de altura onde um enorme leão de ferro fundido relembra a Batalha de Waterloo. O monumento foi construída por ordem do Rei Guilherme I dos Países Baixos, no local onde seu filho foi ferido durante a batalha.

O uso de dentes humanos para dentaduras acabou diminuindo quando a fabricação de dentes artificiais de porcelana se tornou mais amplamente disponível a partir da década de 1840.
Hoje, as dentaduras são tipicamente feitas de acrílico, nylon ou metal. 🦷🦷🦷🦷


Referências


How they solved dentist crisis in the 19th century: Battlefields were plundered for dead soldiers' front teeth to turn into dentures as late as the 1830s, experts say: https://www.dailymail.co.uk/news/article-13056813/How-solved-dentist-crisis-19th-century-Battlefields-plundered-dead-soldiers-teeth-turn-dentures-late-1830s-experts-say.html

The dentures made from the teeth of dead soldiers at Waterloo: https://www.bbc.com/news/magazine-33085031

Waterloo teeth: disease, dentures and dentistry: https://www.mola.org.uk/discoveries/news/waterloo-teeth-disease-dentures-and-dentistry

terça-feira, 19 de agosto de 2025

As muitas imagens de Napoleão Bonaparte



Imagem 1 - General Bonaparte 

Nesta cena, o artista imaginou Napoleão na juventude e o representou com seu uniforme militar completo. Os generais usavam um chapéu bicorne de feltro preto e, na cintura, usavam um riquíssimo cinturão vermelho bordado com fio de ouro, que sustentava a espada.

Jean-Baptiste-Édouard Detaille (1848-1912), cerca de 1900 
 

Imagem 2 - Napoleão na Ponte de Arcole, Itália em 1796 (Louvre, Antoine-Jean Gros, 1801)

A obra foi criada após a Batalha da Ponte de Arcole (1796), durante a campanha da Itália, quando Napoleão, ainda um jovem general, liderou o exército francês contra as tropas austríacas. 


O artista representou Napoleão como um líder destemido e capaz de inspirar seus soldados. Ele segura a bandeira tricolor da Revolução, símbolo da França e de seus ideais.


Imagem 3  - Retrato de Napoleão como imperador

A obra é um exemplo de como a arte foi utilizada para reforçar o culto à personalidade napoleônica durante o Império Francês. 

Rijksmuseum, Amsterdam, entre 1805-1815

Napoleão procurou consolidar sua imagem como soberano e, para isso, encomendou  retratos para difundir sua figura em toda a Europa ocupada pelos franceses. 
O olhar firme e a postura imponente transmitem segurança e poder. O ambiente ao redor, com tecidos luxuosos e símbolos imperiais, reforça a grandiosidade da cena.


Imagem 4 - A Batalha de Austerlitz em 2 dezembro de 1805

A obra celebra uma das maiores vitórias militares de Napoleão Bonaparte na Batalha de Austerlitz (Batalha dos Três Imperadores) que ocorreu em 2 de dezembro de 1805, na atual República Tcheca.

 François Gérard,1810
Napoleão está no centro, calmo e sereno, contrastando com o caos da batalha ao seu redor. Sua figura aparece iluminada, destacando-o como herói e estrategista vitorioso. 


Imagem 5 - Napoleão Bonaparte em Fontainebleau em 31 de março de 1814. 

A cena se refere a queda do Império Francês após a invasão de Paris pelas tropas da Sexta Coligação (Rússia, Áustria, Prússia e Grã-Bretanha). Napoleão foi representado como um homem derrotado. Em 6 de abril de 1814, Napoleão assinou sua abdicação e foi exilado na ilha de Elba.

Paul Delaroche, 1840. Museu de Belas Artes de Leipzig, Alemanha.


Imagem 6 - "Le petit homme rouge berçant son fils" 
O homenzinho vermelho ninando seu filho. 

Um personagem com aparência demoníaca, de vermelho, com chifres, cauda e pés de animal, aparece segurando e ninando um bebê com o rosto de Napoleão. 

Artista anônimo, França final do século XVIII, início do século XIX

Legenda inferior: "Voici mon fils bien-aimé, qui m’a donné tant de satisfaction."  “Aqui está meu filho muito amado, que me deu tanta satisfação.”

Napoleão foi representado como um ser demoníaco para reforçar a visão negativa que seus adversários tinham dele. Imagens como essa foram muito usadas pelos adversários dos franceses durante as Guerras Napoleônicas. 

O bebê embalado com carinho pelo diabo simboliza suas ações políticas e militares, possivelmente o Código Civil, imposto por sua tirania e pela destruição que ele trouxe à Europa. 



Imagem 7 - Napoleão "assa as monarquias europeias" (James Gillray)

“Tiddy-Doll, the great French Gingerbread-Baker, drawing out a new Batch of Kings”, criada por 

O grande padeiro francês, Napoleão Bonaparte,  assa uma nova fornada de reis. Seu ajudante, mistura a massa em segundo plano, onde é possível ler nomes das potências inimigas derrotadas pelos franceses.
O cartunista ironiza a ideia de que ele produzia e impunha novos monarcas sob sua influência. No chão, vê-se um cesto cheio de coroas, cetros e outros símbolos reais descartados. 


Durante as Guerras Napoleônicas (1799-1815), Napoleão conquistou grande parte da Europa e reorganizou territórios e fronteiras, derrubou monarquias absolutistas e colocou aliados no trono. Essa prática era vista como tirânica e artificial pelas potências inimigas, especialmente a Inglaterra.


Imagem 8 - O rei George III, da Inglaterra e Napoleão Bonaparte (James Gillray), 1803 - gravura do livro As viagens de Gulliver 

Napoleão Bonaparte se equilibra na mão de seu inimigo, o Rei George III da Inglaterra, que o observa através de uma luneta e mal consegue ver seu pequeno inimigo. Mas a arrogância e o sabre desembainhado de Napoleão sugerem perigo.


Cinco semanas antes da publicação desta gravura, o tratado de Paz entre a Grã-Bretanha e a França tinha se rompido. 


quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Achados arqueológicos de sepultura coletiva mostram que soldados de Napoleão morreram de fome

 Arqueólogos descobriram o lugar de descanso final de mais de três mil homens que morreram durante a retirada de Napoleão de Moscou em 1812. Agora, novas análises químicas dos ossos revelam de onde vinham esses soldados e quão difícil era encontrar o suficiente para comer.


Arqueólogos escavam vala coletiva em meio à neve em Vilnius, na Lituânia.

Mesmo com muita neve, os arqueólogos escavaram uma vala comum em Vilnius, na Lituânia. Ossos desordenados, sapatos e roupas. Botões revelaram a identidade dos mortos: mais de 40 regimentos diferentes, todos da Grande Armée de Napoleão. 

As façanhas de Napoleão são bem conhecidas da história. Em uma tentativa de impedir a invasão da Polônia pelo czar russo Alexandre I, Napoleão decidiu invadir a Rússia primeiro. Ele começou com cerca de 675.000 homens que vieram de toda a Europa, franceses, alemães, poloneses, lituanos, espanhóis e italianos. Este Grande Armée diminuiu em seu avanço para a Rússia, depois recuou quando o czar se recusou a se render e não havia suprimentos para o exército em Moscou. Quando o exército chegou a Smolensk, restavam apenas 41 mil soldados.

O Grande Armée continuou a oeste, cruzou o rio Beresina e chegou a Vilnius. Mas havia pouco para comer lá também. Cerca de 20.000 soldados morreram nessa região de hipotermia, fome e tifo. Cadáveres foram jogados em valas comuns. Uma delas, contendo restos de pelo menos 3.269 pessoas, foi escavado pelo bio-arqueólogo Rimantas Jankauskas e sua equipe em apenas um mês em 2001.


Dois novos estudos sobre esses restos tentaram responder a perguntas sobre o local de origem dos soldados, sua dieta e possíveis causas da morte. Descobriu-se que a maioria dos soldados de Napoleão podem ter vindo de áreas como a Itália. 


Os homens de Napoleão não estavam bem de saúde, mesmo antes de pararem em Vilnius. A pesquisa sobre os dentes dos soldados na vala comum mostrou cárie dentária desenfreada e indícios de estresse durante a infância, e mais de 1/4 dos mortos provavelmente sucumbiu ao tifo epidêmico, uma doença que causa febre muito alta e é transmitida por piolhos. O tifo causa ainda aumento da perda de água corporal através da urina, suor e diarreia. Relatos históricos detalham como as tropas vasculhavam infrutiferamente o campo em busca de comida e chegaram a comer seus cavalos mortos ou moribundos.

Fragment of a pocket of a soldier's uniform, with regimental buttons, from the mass grave of 1812 in Vilnius. (Image used with kind permission of Rimantas Jankauskas)


Vilnius, LITUÂNIA: (ARQUIVOS) Cerimônias de enterro de restos mortais de 3000 soldados franceses são realizadas no cemitério memorial Antakalnis (01/06/2003)



segunda-feira, 28 de julho de 2025

Uma múmia americana no Musée de l'Homme, em Paris

Esta múmia é uma das peças mais impressionantes do Musée de l'Homme, em Paris 😲

Encontrada em 1877, pelo explorador Paul Vidal-Senèze no penhasco de difícil acesso de Piedra Grande, no Vale de Utcubamba, na região amazônica do Peru, ela fez parte do acervo do Museu do Homem desde sua abertura. Ao longo de mais de um século, seu rosto expressivo e as órbitas oculares vazias aterrorizam e povoam gerações visitantes. 

André Delpuech, diretor do Musée de l'Homme, relata que a ausência dos olhos, a boca aberta, e as mãos que parecem apertar o rosto inspiraram como o artistas Edvard Munch, com sua pintura "O Grito".

Edvard Munch, 1893, The Scream, National Gallery of Norway

Pertencente ao povo chamado Chachapoyas, os "guerreiros das nuvens",  Entre os séculos VIII e XV, esse povo, assim como outros povos pré-colombianos, colocavam seus mortos em cavidades nas montanhas, muitas vezes em altitudes superiores a 3.000 metros. Geralmenteas múmias eram colocadas em posição fetal e os corpos envoltos por tecidos protetores e roupas decoradas. 

Os Chachapoyas eram hábeis construtores e suas técnicas arquitetônicas se refletem nesses incríveis complexos funerários em penhascos da região amazônica peruana. 

Mausoléus de Revash, túmulos da antiga cultura Chachapoyas

O explorador levou para a França quatro múmias em sarcófagos cônicos de argila, encimados por figuras humanas. Cada uma estava envolta em um fardo de couro. Elas foram doadas ao Museu em 1878. 

As equipes do Musée de l'Homme a estudaram utilizando métodos sofisticados, o que lhes permitiu descobrir se tratar de um homem, entre 20 e 30 anos, com aproximadamente 1,70 m de altura. Ele sofria de uma doença pulmonar infecciosa, possivelmente tuberculose, a qual pode ter causado sua morte. 


O cérebro foi removido após a morte por meio de uma extração de 5 cm de diâmetro no crânio. O corpo foi colocado sentado, com as pernas dobradas sob o queixo, preso por uma corda. Vestígios de insetos indicam que a morte ocorreu durante a estação mais quente do ano, entre agosto e outubro, e que o envoltório foi feito menos de seis dias após a morte.\


Referências 

https://www.museedelhomme.fr/fr/momie-chachapoya


Para conhecer outras múmias da América Latina, acesse: 

quinta-feira, 26 de junho de 2025

JORVIK Viking Centre - York, Inglaterra



Escavações em Coppergate, década de 1970

A bordo de carrinhos, os visitantes conhecem a reconstituição da Jorvik viking - os cenários foram todos reconstituídos de acordo com os estudos arqueológicos e até os cheiros foram recriados, tornando a experiência ainda mais enriquecedora. 






Esqueleto de um  homem de Swinegate da era Viking

Este homem tinha mais de 46 anos quando morreu e foi enterrado em um caixão de carvalho - status de posição social -  no cemitério da igreja de St. Benet, em York. Apenas a parte superior do corpo foi recuperada, mesmo assim, os arqueólogos estimam que sua altura tenha sido de  1,71 metro. As características faciais sugerem que ele tivesse ascendência africana ou mista, mas provavelmente nasceu nas Ilhas Britânicas. Não se sabe a causa de sua morte.


A análise isotópica mostra que ele foi exposto a altos níveis de chumbo na infância e, provavelmente, cresceu em um ambiente urbano. Sua dieta indica que ele pode ser de Jorvik, mas também pode ter crescido em outro lugar no norte da Europa. Além disso, a análise do esqueleto possibilitou constatar que tinha cinco abscessos dentários, localizados principalmente na parte posterior da boca.

As evidências de artesanato


Todas as oficinas de Jorvik ficavam dentro e ao redor das casas, em Coppergate. Sob o domínio dos vikings, Jorvik se desenvolveu como um importante centro industrial, que abastecia uma vasta região com grande variedade de itens do dia a dia.

As matérias-primas vinham de propriedades rurais, artesãos as transformavam em artigos de primeira necessidade para venda em suas lojas e mercados. Por exemplo, o nome Coppergate vem de palavras em nórdico antigo que significam "a rua dos fabricantes de copos", e a escavação expôs centenas detritos característicos do torneamento de xícaras e tigelas de madeira. Esses recipientes eram os utensílios de mesa comuns da época, e é evidente que os fabricantes de Coppergate produziam esses itens em massa em escala comercial. Entretanto, esse não era o único comércio praticado nos quatro lotes de Coppergate no século X.


Fabricação têxtil


Quatro peças eram unidas usando um furador pontiagudo para fazer furos e uma tira de couro ou linha de linho. Cera de abelha era usada para endurecer a linha.


1. Espirais de fuso para desfiar fios, pesos de tear de argila, alisadores de vidro, carretéis de linha e agulhas. As imperfeições da trama eram corrigidas com batedores de alfinetes de chifre ou pequenos pentes de tecelagem. 


3. Os lucetes para torcer o fio eram feitos de ossos de nariz de gado. O objeto de chifre com decoração de cabeça de animal também pode ser um lucet.

4. A trança para decorar roupas era tecida usando pequenas tábuas de osso. Esta trança estreita é feita de seda vermelha e fio de linho azul. O fragmento de lã também era vermelho e é feito de duas camadas de uma trama simples chamada 'tabby'. Uma terceira camada era de fita.

5. Pequenos fragmentos de fios de ouro sugerem a riqueza de algumas peças e as habilidades das artesãs que as confeccionaram

Os tecidos eram feitos por mulheres em todas as casas. Há evidências de cada etapa da produção, incluindo a preparação de matérias-primas, fiação e tecelagem, tingimento e acabamento. 
Os tecidos mostram estilos de tecelagem anglo-saxões e escandinavos.

Esta é a única meia da era viking encontrada na Inglaterra e, provavelmente, veio da Escandinávia. Ela está quase completa, embora desgastada, com furos na ponta e no calcanhar e sinais de remendos. É feita de lã crua com uma faixa vermelha na parte superior.

 

Roupas e acessórios: variedades de roupas, sapatos e outros itens foram encontrados em Coppergate, como anéis, contas e pingentes. Os corantes incluíam garança (verde) e pastel (azul), misturados. 


Acessórios

1 Contas de vidro e pingentes de âmbar eram feitos em Coppergate. Jorvik era uma das principais cidades inglesas onde o vidro de alta qualidade era feito. Alfinetes de osso para vestidos eram muito simples.

2. Este gorro de seda feminino é tipicamente escandinavo e era amarrado sob o queixo com fitas. Uma pequena bolsa de seda vermelho-rosada com uma cruz bordada originalmente continha as relíquias de um santo.

3. Bainhas: continham uma pequena arma chamada seax. A decoração no couro mostra a lâmina e o cabo estampado. Elas eram penduradas em cintos, juntamente com pedras de amolar (para afiar) e pentes.

4. Decoração: o alfinete de osso tem uma cabeça de animal semelhante a um dragão, com olhos esbugalhados, orelhas achatadas e presas afiadas. A haste de osso com ponta em forma de bico pode ser um polidor usado por um escriba. Esculturas decorativas em objetos de madeira, como as vistas neste cabo de faca, são extremamente raras.

6. Sapatos: o sapato do meio foi usado por um visitante escandinavo. É feito de uma única peça de couro presa com um cordão. Sapatos como este foram encontrados no Báltico, Polônia e Rússia. Sapatos podem mostrar sinais de joanetes e doenças nos pés


O couro era um material importante. Era abundante, flexível e resistente. Era transformado em uma ampla gama de produtos. Muitos itens sobreviveram, juntamente com os resíduos do processamento e da fabricação.

Calçados

1. Os sapatos de cano curto eram populares. Este, para o pé esquerdo, tem aba dupla e fecho de alavanca.

2. Sapatos sem cadarço também eram comuns. Os sapatos eram feitos com uma forma de madeira. O sapato inferior ainda apresenta furos feitos por pregos na forma.


Correias e bainhas: como as roupas não tinham bolsos, então facas, pedras de amolar (para afiar) e outros itens eram pendurados em um cinto e alguns deles eram coloridos.

Saúde e higiene

Embora pulgas humanas e animais, piolhos de ovelha e outros parasitas tenham sido detectados em edifícios em Coppergate, os vikings tentavam se manter limpos e organizados.


Pentes de chifre eram muito valorizados, pois é resistente sob tensão. Geralmente, os pentes tinham apenas um lado.

Encantos mágicos: dois amuletos eram pendurados no pescoço para afastar doenças, azar e mau-olhado. Um era feito de um dente de chifre e o outro de um dente de cavalo.


3. Conjuntos de banheiro: pinças decoradas eram usadas para higiene pessoal. Uma conta de vidro branca ainda sobrevive na alça de suspensão de uma delas.  


Dieta e saúde

Os moradores de Coppergate tinham uma dieta razoavelmente saudável. Havia variações sazonais e escassez, mas carne, peixe, cereais, vegetais, frutas silvestres e cultivadas estavam disponíveis. Vermes intestinais causados ​​por alimentos ou água contaminados eram um problema comum. Plantas e ervas medicinais eram usadas para purgar o corpo.


1 Este pedaço de 💩 humano (coprólito)  contém ovos de tricurídeos e vermes-da-mandíbula, além de farelo de cereais. Um pequeno número de vermes intestinais não representou problema para indivíduos saudáveis. Infestações maiores em jovens, doentes e idosos podem ser graves.

2. Cereais como trigo e cevada contêm farelo que não é digerido e sobrevive bem no solo.

3. Maçãs, ameixas e cerejas podem ter sido conservadas para consumo fora de época. Eram mais ácidas do que as frutas modernas e usadas na produção de molhos e vinhos.

4. Muitas cascas de avelãs e nozes foram encontradas dentro das casas, provavelmente porque as pessoas as jogavam no chão.

5. O musgo é muito absorvente e era usado como papel higiênico antigo. Alguns restos apresentam vestígios de farelo e ovos de minhoca.

Metalurgia

Ferro, cobre, chumbo, estanho, estanho, prata e ouro eram trabalhados em Coppergate. Isso exigia um alto nível de especialização e cooperação entre os artesãos que fabricavam ferramentas especializadas e multifuncionais. Eles utilizavam uma sofisticada rede de fornecimento de matérias-primas.


1. Lingotes e moldes, folhas, tiras e barras, além de metal fundido derramado, foram encontrados. Os objetos eram fundidos em moldes ou trabalhados com martelo e bigorna.

2. Facas e agulhas eram afiadas usando pedras de amolar e de afiar.

3. Cadinhos feitos perto de Stamford (Lincolnshire) eram usados ​​principalmente para fundir prata. Traços de ouro são visíveis no interior deles, em forma de dedal. O superaquecimento lhes deu uma aparência vítrea.

4. Ferramentas, cortadores para corte e confecção de roupas e punções para decoração de metal e couro.

5. Esta lâmina de formato incomum pode fazer parte de um facão para trabalhar madeira.

6. Os metalúrgicos também faziam pontas de flechas, ferraduras, fechaduras e chaves.

7. Uma caixa de fechadura de madeira completa. 


Armas e defesa


Fontes escritas do período viking na Inglaterra (793-1066 d.C.) relatam ataques armados de invasores marítimos da Escandinávia; pagãos que roubavam e queimavam igrejas, e cujos ataques de verão levavam à conquista e à colonização.

As invasões iniciais exigiam mobilidade e combate eficaz, utilizando armas e equipamentos de alta qualidade. Esses itens foram encontrados no Rio Tâmisa ou próximo a ele, entre Londres e Windsor. Eles podem ter sido perdidos ou talvez jogados no rio como sacrifícios aos deuses.


Pontas de lança

A lança era a arma mais comum na Era Viking, usada tanto por anglo-saxões quanto por vikings. Continham relativamente pouco ferro, por isso eram baratas de fabricar. A ponta mais larga e pesada era projetada para estocadas. As lanças mais longas e fortes também podiam ser arremessadas.

Espadas eram as armas de mais alto status. A lâmina soldada desta era feita de várias barras de metal. Isso tornava a espada mais fraca, mas criava um padrão decorativo na lâmina, demonstrando riqueza.

Os machados de batalha são tipicamente vikings e eram usados para prender o escudo do inimigo.

Estribo: Os vikings abatiam os inimigos de surpresa. Usavam navios nos rios e ao longo da costa, mas, para campanhas terrestres, usavam cavalos para viajar velozmente. 


Itens pessoais



Homens e mulheres usavam itens pessoais por adorno, status e por razões práticas. Eram feitos de uma variedade de materiais, incluindo cobre, chumbo, ferro, vidro e, ocasionalmente, prata e ouro. Muitos estão quebrados, mas ainda preservam sua beleza original.

Os homens carregavam facas para uso pessoal. Entre as encontradas estão uma pequena faca dobrável e uma com cabo de madeira decorado com arame de latão. Pequenas pedras de amolar serviam para afiar.

Seis itens incluem anéis de braço e de dedo. Contas de vidro revestidas com folha metálica, um brinco, um pino e um pequeno pedaço de filigrana de um broche de ouro, instrumentos de metais preciosos são raramente encontrados por arqueólogos. 

Para conhecer mais sobre os armamentos vikings, clique: https://learning.yorkarchaeology.co.uk/wp-content/uploads/2024/09/JORVIK-Fact-Sheet-Viking-Age-Weapons.pdf


Fixações

As roupas eram presas com tiras decoradas, fivelas, broches, alfinetes, ganchos e fechos.

O fecho em forma de cabeça de animal e as chaves ornamentadas do cadeado são de baús usados ​​para guardar pertences preciosos.

As esporas de ferro foram decoradas com estanho para parecerem prateadas.

Ferramentas

Ferramentas feitas pelo ferreiro precisava de cabos de madeira ou osso. Itens de ferro eram decorados com estanho e cobre. Tigelas de madeira eram remendadas com grampos de estanho.


1. Goivas - instrumentos cortantes utilizados para entalhar madeira - de ferro, formões, brocas e raspadores eram usados ​​para trabalhar madeira. Machados e cunhas serviam para preparar ossos e chifres, além de madeira.

2. Esta faca tem uma lâmina entalhada incomum e pode ser usada para trabalhar chifres.

3. Furadores eram usados ​​para fazer furos em artigos de couro para que pudessem ser costurados com agulhas de diferentes espessuras. Artigos de metal e couro eram decorados com facas e punções.

4. Uma variedade de materiais foi acabada com uma lima. Esta ainda tem limalhas de latão nos dentes.

Frigideira

Esta panela é um achado incomum porque está quase completa. Ela difere de fragmentos de outros recipientes de ferro encontrados em York e na Escandinávia, quase sempre caldeirões e não panelas.


Evidências sugerem uma dieta variada, incluindo cereais, frutas, bagas, vegetais, carne, peixe, manteiga, cerveja e vinho. Uma tina de madeira para sovar a massa e uma pá para colocá-la no forno foram encontradas. 


1. Este grande jarro feito ao norte da Inglaterra, é uma das descobertas mais impressionantes de Coppergate. O oleiro o decorou pressionando os polegares na argila úmida.

2. Pequenas panelas redondas eram comuns em Jorvik. Algumas tinham tampas de madeira ou cerâmica. Alguns utensílios sobreviveram, incluindo espátulas e colheres. 



Carpintaria


Devido aos solos alagados e sem oxigênio em Coppergate, muitos objetos de madeira sobreviveram e normalmente teriam apodrecido após 1.000 anos.



A tampa desta caixa de carvalho é decorada com ossos de costela bovina. As costelas foram divididas em duas partes para formar pratos e depois decoradas. A decoração foi adicionada antes dos ossos serem cortados e fixados à tampa. A caixa provavelmente continha pequenos objetos e bugigangas.


Objetos de madeira eram usados ​​em todos os aspectos da vida. Um suprimento constante de material era necessário e o manejo florestal era importante. Uma variedade de espécies era usada, incluindo carvalho, freixo, salgueiro, bordo e buxo.


Jogos e passatempos

O tempo livre era precioso e fácil de preencher com histórias, música e jogos. Alguns itens de jogos eram importados caros, enquanto outros eram feitos por artesãos locais.


Tabuleiros de jogos - este tabuleiro de 'tafl' (mesa) de carvalho era originalmente composto por cinco seções com quinze colunas e quinze linhas formando quadrados. Uma versão menos sofisticada foi rabiscada em uma placa de carvalho colocada acima do sepultamento de uma criança no local da igreja de St Benet, em York. As peças foram feitas de chifre, osso, azeviche e pedra. O grande dado de marfim de morsa é muito raro e importado. O dado pequeno é feito de osso.

Patins de osso eram presos aos pés com tiras de couro. Bastões com pontas de ferro eram usados ​​para puxar o usuário pelo gelo.

Resíduos de tigelas de madeira foram transformados em tampas com pontas de ferro inseridas, os antepassados do que conhecemos como peões. 

Para conhecer outros jogos e brinquedos vikings, clique: https://learning.yorkarchaeology.co.uk/wp-content/uploads/2025/02/JORVIK-Viking-Centre-Worksheets_Crafting-with-Arnleif_Viking-Toys-and-Games.pdf



Joias vikings de Gotland



A ilha de Gotland, na costa sueca, possui uma concentração impressionante de riqueza. Sua posição central no Báltico, na rota da Escandinávia para a Rússia e para os califados islâmicos, significava que estava bem posicionada para se beneficiar tanto de ataques quanto de comércio. Mais de 700 tesouros de prata foram descobertos em Gotland, com joias e moedas, algumas cortadas em pedaços chamados de prata de lasca. Cerca de metade das milhares de moedas encontradas são islâmicas.