Habilidades:
- (EF06HI14) Identificar e analisar diferentes formas de contato, adaptação ou exclusão entre populações em diferentes tempos e espaços.
- (EF06HI18) Analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos de organização social no período medieval.
François Hartog, historiador francês, dedicou um de seus trabalhos à compreensão do "outro" pelo inimigo. Ele analisa a forma de compreender o mundo que os gregos tinham, especificamente a de Heródoto, historiador de Halicarnasso e estudou como os gregos se portavam diante da alteridade dos povos vizinhos (os citas, os egípcios, os fenícios, os persas etc.), buscado entender como, na época clássica, os gregos falavam de si próprios e dos outros, os não gregos.
Heródoto escreveu fartamente sobre as Guerras Médicas (o longo conflito entre persas e os gregos). Em seu texto, escrito há mais de 2 mil anos, Heródoto se ocupou da representação dos persas para seus leitores gregos: caracterizou-os como inimigos terríveis. Para os atenienses e espartanos, eram selvagens, criaturas além da humanidade, bárbaros. Apesar de dignos de admiração por algumas das qualidades, os persas não eram contemplados como seres "iguais" pelo historiador grego.
Vemos tratamento muito similar quando lemos o texto de Tácito, historiador grego, a respeito dos povos germânicos. No complexo jogo da representação do "outro", daquele que não sou eu, é recorrente a projeção daquilo que é nossa visão da bestialidade, nossa visão de monstruosidade atribuída ao outro.
Pensando nisso, é possível dizer que, apesar das inúmeras diferenças entre aqueles que são considerados povos bárbaros, criou-se a representação do bárbaro na cultura ocidental como aquele que é inferior culturalmente. Isso não ocorreu por acaso, a maior parte das informações que temos sobre os "bárbaros" nos chegou por meio de relatos romanos (seus rivais, em muitos aspectos) Vikings, celtas, povos germânicos são normalmente associados à violência e ao espírito guerreiro.
FERREIRA, João Paulo Hidalgo. “Nova História integrada”: Ensino Médio: Volume Único: manual do professor / João Paulo Hidalgo Ferreira, Luiz Estavam de Oliveira Fernandes. – Campinas, SP: Companhia da Escola, 2005. Adaptado.
Exercícios
1. As imagens a seguir representam povos bárbaros. Analise-as.
a. Como os bárbaros são representados?
b. Apresente 2 argumentos oferecido pelo texto e relacione as imagens à construção da imagem do outro, os "bárbaros".
"Hagar, o Horrível", personagem criado em uma tira em quadrinhos criada por Dick Browne em 1973.
Cena do filme Asterix e Obelix contra César, de 1999, baseado nas HQs criadas em 1959, na França, por Albert Uderzo e René Goscinny.
2. Analise o mapa:
A iluminura medieval que representa o momento da coroação de Carlos Magno, rei dos francos, no Natal do ano 800, em Roma, pelo Papa Leão III.
Leve em conta as informações do mapa e da iluminura e explique a relação entre os francos e a Igreja Católica.
Gabarito
1 a. Os bárbaros são representados como "horrível", adjetivo de Hagar, guerreiros implacáveis, espada de Hagar, de Átila, o Huno. Barbudos, cabeludos, em oposição aos cabelos e barbas aparadas dos romanos - sinônimo de higiene e boa aparência. Na representação de Asterix e Obelix, novamente vemos os cabelos e barbas longas, além do ataque desordenado dos guerreiros.
b. Apresente 2 argumentos oferecido pelo texto e relacione as imagens à construção da imagem do outro, os "bárbaros", associados à violência e ao espírito guerreiro, tal como representados pelas imagens.
2. Carlos Magno, rei dos Francos (768 – 814), foi coroado pelo Papa no Natal do ano 800 d. C., em Roma. Em seu governo, o Reino dos Francos atingiu toda a extensão da Europa central. A aliança com a Igreja Católica foi uma tentativa de reviver o Império Romano do Ocidente - em aspectos militares, administrativos e religiosos, o que, em muitos aspectos, consolidou o cristianismo entre os reinos bárbaros.