Aqui só tem História

Aqui só tem História

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Ruínas do Carmo em Lisboa

Se as igrejas góticas me causam encantamento, imagine uma igreja gótica em ruínas !? 
Esse local é um dos lugares mais encantadores, na minha humilde opinião, na cidade de Lisboa. 
Localizada na parte alta da cidade, é possível avistar suas impressionantes ogivas de muitos locais. 
Imagino a opulência e grandiosidade dessa obra em seus dias áureos, ou melhor dizendo, nos dias anteriores a sua destruição pelo terremoto de 1755. 

Nave da Igreja e as ruínas dos arcos ogivais

O Terrível Terremoto de 1755

Ao visitar Lisboa e a maior parte das cidades portuguesas há menção a ele por todos os lados. A história de Portugal divide-se em antes e depois do terrível terramoto (como dizem os portugueses) de 1755.  O epicentro foi próximo ao Algarve, mais a sul, mas o abalo foi sentido em todo a Península Ibérica, chegando até à Itália. 
O  terremoto ocorreu no dia 1˚ de novembro, Dia de Todos os Santos, pela manhã. A grande religiosidade do povo lisboeta levou milhares de pessoas à missa. Muitas pessoas estavam rezando nas muitas igrejas da capital, mais de vinte desabaram, o que aumentou o número de mortos por soterramento. As velas das casas e igrejas provocaram um enorme incêndio que rapidamente se espalhou pelas ruelas medievais. 
Aproximadamente às 11:00 horas  gigantes vindas do Tejo invadiram a parte Baixa. Seria o fim dos tempos? 
Certamente todos os que viveram esse momento pensaram que sim... 
Estima-se cerca de 15 mil mortos. Foi a primeira grande tragédia amplamente documentada, atraindo atenção e ajuda dos demais países europeus e das colônias, o que garantiu a reconstrução da capital e alimento aos famintos e desabrigados. 

A Igreja do Carmo

Construída no século XIV (1389) por um homem muito importante no contexto lisboeta da época: Nuno Álvares Pereira. No alto de uma das colinas que circulam a cidade, a igreja rivalizava em beleza e importância com a Sé de Lisboa.
A Igreja do Carmo já estava vazia às 9:30 da manhã daquele fatídico dia, o que evitou mais mortos, certamente. Mas não resistiu aos abalos e grandes partes do edifício desabaram, sendo ainda muito danificada pelo incêndio que se sucedeu.
Houve uma tentativa de reconstrução, ainda no século XVIII, mas após a extinção das ordens religiosas em Portugal, as obras pararam.
Com o romantismo característico do século XIX e a visão romântica das ruínas medievais, decidiu-se mantê-la como estava. As ruínas encantavam e continuam a encantar... 


Maquete representativa da estrutura gótica anterior ao terramoto


















Um sarcófogo em uma das capelas laterais. 

Museu do Carmo


Além das ruínas, o local abriga um pequeno museu, o Museu Arqueológico do Carmo, localizado na Capela Mor da antiga igreja, parte que o teto não desabou.
Esforço conjunto de um grupo de arqueólogos no final do século XIX, preocupados com as consequências do fim das ordens religiosas para o acervo de arte e arqueologia do país.
Aqui estão reunidos objetos que abrangem a história de Portugal desde a ocupação das primeiras comunidades, no período Neolítico, até obras de arte de artistas contemporâneos.


"O Togado" 
Estátuta de homem togado produzida durante a época de ocupação romana - de proveniência desconhecida, foi colocada na foz do Douro no século XVI, servindo para indicar o local de entrada dos navios no cais, evitando naugráfios. 
A estátua, em algum momento da época moderna, caiu no rio, só sendo recuperada no século XIX, quando ficou, por um tempo, exposta na praia até ser adquirida e trazida para o acervo do Museu do Carmo. 

Para Saber mais: 








Túmulo do rei D. Fernando I 



Detalhe do Túmulo do Rei D.Fernando I

Oficina desconhecida - Convento de São Francisco de Santarém - Século XIV (1382) Restaurado em 2001/2002 por Statua. Apresenta cenas dos milagres de São Francisco de Assis além de seres fantásticos que misturam-se à representações do sagrado. 


Santa Catarina de Alexandria - Oficina de Coimbra - segunda metade do século XV


Objetos/Obras organizadas de forma cronológica, compreendendo períodos históricos desde a ocupação romana até a ocupação islâmica. São objetos de grande valor arqueológico que demonstram a transição entre os valores culturais romanos e, posteriormente, islâmico no território português. 





Entre os pilares da igreja gótica, uma intervenção artística para homenagear a Revolução dos Cravos, em 25 de abril 1974. 




Largo do Carmo  aberto das 10:00 às 19:00

terça-feira, 18 de julho de 2017

O Museu do Azulejo, em Lisboa, Portugal

Não há como ir a Portugal e não se encantar por eles... A mim, uma encantada de longa data, a visita ao Museu do Azulejo era parada obrigatória. 
O Museu ocupa o espaço do antigo Convento da Madre de Deus,  construído no século XVI. Os antigos claustros hoje abrigam exemplos da linda arte portuguesa de azulejaria. 
A exposição está organizada em ordem cronológica, o que ajuda muito na compreensão dos diferentes períodos históricos e sua influência nas características dos temas e modelos produzidos, desta forma, inicia-se a visita conhecendo azulejos de características mouriscas, posteriormente altares religiosos góticos, barrocos, rococós, neo-clássicos e contemporâneos.
É puro encantamento! 

Claustros emolduram os lindos azulejos





Exemplo de padronagens de azulejos nos corredores e portas de acesso aos claustros


Azulejos Mouriscos: século XVI


Azulejos com motivos islâmicos - século XVI

Painel de Azulejo - Ponta de Diamante - século XVII - 1608- 1639

Painel de Azulejo de Padrão 1590-1620


Painel de Azulejo em composição de tapete  (Uau, que lindeza :O) - século XVII (1664)

Azulejos com motivos religiosos - século XVII


Frontal de Altar com brasão de armas dos Agostinhos - Lisboa, século XVII - 1650-1675

Os motivos abstratos, florais e mouriscos começam a dar vez aos elementos da religiosidade católica barroca portuguesa, em geral, são fruto de encomendas da Igreja Católica, representando cenas da vida dos santos, narrativas religiosas características do movimento de Contrarreforma. 
Adicionar legenda


Dos mestres flamencos aos grandes mestres portugueses - século XVIII



Os painéis que lembram pinturas de porcelana chinesa era produzidos na Holanda, o painel acima retrata uma cena cotidiana da nobreza, intitulado: Lição de Dança

Produções portuguesas primorosas são encontradas a partir dos idos de 1730, produzidas pelas olarias de Lisboa. 

Fuga para o Egito - Policarpo Oliveira Bernardes, Lisboa, 1730.


Alexandre combatendo os persas, 1745


Composição dos pigmentos para a coloração das peças


Sala de Caça


Lisboa, 1680 Conjunto de painéis pertenciam a uma sala do Palácio da Praia em Belém

Macacaria - casamento da galinha - Lisboa - 1660 - 1667 
Proveniência: Quinta da Cadriceira, Torre de Veras

Vista panorâmica de Lisboa anterior ao terremoto de 1755 - Lisboa, início do século XVIII







Telha de beiral, século XIX

Azulejos de Cozinha



Azulejos com retratando animais de caça revestem as paredes do restaurante/café do museu. 

Azulejos Contemporâneos


A ceifa - faiança policromada sobre pó de pedra, 1920
Proveniente da Padaria Independente, Rua da Graça, Lisboa

Área de restauro e catalogação de azulejos




A Igreja da Madre de Deus

Uma verdadeira jóia da cidade de Lisboa. Quanta beleza! Foi concluída no século XVI, com características barrocas e também rococó, acrescentados após o terremoto de 1755. 
Os detalhes em douramento ganham especial destaque ao se contrastarem com as tonalidades azuis dos azulejos. 
Vista da nave a partir do coro

Coro da igreja


A prática de revestir altares e frontais com azulejos substituindo tecidos surge na Espanha, mas ganha especial destaque em Portugal a partir do século XV. 






Voltando a pé para a estação: fachadas, um show a parte...






Informações Úteis: 

http://www.museudoazulejo.gov.pt/
Rua Madre de Deus, 4

Custo: 5 euros

Fora do centro, é necessário trocar a linha central do metrô (verde) pela linha azul para chegar até lá. Descemos na Estação Santa Apolônia, na linha Azul e caminhamos até o Museu - uns 10 minutos a pé.