Baseado na história de Wladyslaw Szpilman, um pianista polonês que, em 1939, com a invasão alemã à Polônia, se vê segregado pelas Leis de Nuremberg e a imposição de viver confinado, assim como todos os judeus da capital da Polônia, em um gueto.
Cena em que a Inglaterra e a França declaram guerra ao Eixo: "A Polônia não está mais sozinha".
Os alemães obrigaram milhares de judeus a viverem em áreas apertadas das grandes cidades ocupadas, limitando o acesso dessa população a alimentos e contatos externos.
Em Varsóvia, o Gueto concentrou cerca de 400 mil pessoas em aproximadamente 2,8 Km2 e muros de até 3 metros com sobreposição de arame farpado. As deportações para os campos de extermínio começaram em 1942.
A Insurreição em Varsóvia é o maior exemplo de resistência judaica em relação ao antissemitismo e extermínio alemão durante a II Guerra Mundial. Eles resistiram até o total aniquilamento, em 16 de maio de 1943.
Em 19 de maio, celebra-se o Dia da Memória, uma homenagem a aqueles que não se renderam e inspiraram outros movimentos de resistência em toda a Europa, assim como as vítimas do Holocausto.
Em comemoração aos 80 anos da Insurreição (ou Levante) do Gueto de Varsóvia, a CNN fez uma linda reportagem, repleta de fotografias e depoimentos de familiares dos sobreviventes.
Em maio de 1940, o rápido avanço das tropas alemãs conquistaram a Holanda, Luxemburgo e o norte da França. Colunas blindadas e bombardeios, em território francês, obrigaram a evacuação das tropas britânicas, francesas e belgas - 400 mil homens - por uma pequena área costeira, o porto de Dunkirk.
Uma enorme e arriscada operação - Operation Dynamo - evacuou, até 4 de junho, cerca de 338 mil soldados.
Os alemães utilizaram o método Blitzkrieg, eficaz na invasão da Polônia, para avançar sob a Holanda e a Bélgica, em maio de 1940. Tanques, infantaria, artilharia e ataques aéreos subjugaram as defesas aliadas.
Milhares de papéis com propaganda nazista estimulavam a rendição dos Aliados.
A área de Dunkirk estava sob ataque constante. Milhares de homens se amontoavam nas ruas, edifícios e na praia, se tornando vulneráveis aos ataques aéreos alemães.
Porto de Dunkirk, a espera da evacuação, onde cada minuto contava. No primeiro dia, apenas 8 mil homens puderam ser resgatados.
Estrategistas, os alemães inviabilizaram as docas nas áreas próximas a Dunkirk, o que dificultou a aproximação de navios da Royal Navy. Como a área é pouco profunda, pequenas embarcações precisaram transportar soldados cerca de 1,5 km da costa até os cargueiros.
A BEF (British Expeditionary Force) destruiu uma enorme quantidade de armamentos pesado para impedir que caíssem em mãos alemãs, já que seria impossível embarcá-lo.
A partir da rendição da França, a Inglaterra se viu isolada na luta contra as tropas nazistas e os bombardeios alemães se tornaram frequentes, era o início da Batalha da Grã-Bretanha.
Em 2017, Richard Sheen, veterano do exército britânico que esteve na evacuação em Dunkirk relata suas experiências.
A partir de seu retorno à Inglaterra, o Sheen se tornou operador de radares, monitorando as aeronaves que se aproximavam da costa inglesa, operação extremamente necessárias para ativar as baterias antiaéreas, evitando danos e tragédias ainda maiores.
A britânica Charlotte Gray, fluente em francês, é designada como agente especial na França ocupada. Sua missão é arriscada: passar informações britânicas aos franceses que resistem aos alemães e vice versa. O perigo está em todos os lados, já que há colaboradores entre os próprios franceses, há milhares de desaparecidos políticos, repressão e perseguição aos judeus. A penalidade para os espiões é a morte.
A partir de junho de 1940, homens e mulheres que se recusavam a ceder à ocupação alemã passaram a fazer parte da Resistência.
Museu Memorial de Caen, Normandia, França
O General De Gaulle convocou todos os que desejavam continuar a lutar contra a Alemanha para se juntar a ele na Inglaterra. As forças francesas lutaram em todas as frentes ao lado das demais forças aliadas.
Na França ocupada, os resistentes se organizam, em geral, em torno de um partido e estruturam movimentos em redes. A partir de 1941, a luta se intensificou: luta armada, ações de guerrilha, sabotagem, propaganda política, resgate de aviadores aliados e judeus.
Como ser um agente na França ocupada, Museu Memorial de Caen, Normandia, França
Propaganda nazista nos muros franceses, Museu Memorial de Caen, Normandia, França
Resistir aos nazistas ou aos colaboradores, isto é, àqueles que os ajudaram, era não aceitar a ocupação da França e acreditar na vitória final contra o nazismo. Era tanto ouvir a "Rádio de Londres" como sabotar, lutar ou passar mensagens secretas. Resistir significa dizer "Não" a quem prejudica os outros. Resistir é defender a liberdade quando ela está ameaçada. Resistir é nunca aceitar a injustiça. A Resistência permitiu à França ser uma das vencedoras da II Guerra Mundial. Museu Memorial de Caen, livre tradução.
Rádio transmissor em valise britânica B MK II, Usada para operações especiais transmitia informações por até 800 km de distância. Apesar de pesar cerca de 13 quilos, seu tamanho compacto facilitava o transporte e o sigilo pelos agentes. Museu Memorial de Caen, livre tradução.
Ao centro, Jean Moulin, o principal líder da Resistência
Explosivos e metralhadoras, cerca de 20.000 enviadas - por paraquedas - para os membros da Resistência Francesa pelos britânicos, aumentando o poder de fogo
Simone Ségouin
(Nicole Minet)
3 de outubro de 1925 – 21 de fevereiro de 2023 foi uma combatente da Resistência Francesa. Um dos seus primeiros atos de resistência foi roubar uma bicicleta de uma patrulha alemã, que ela usou para ajudar a transmitir mensagens, depois passou a participar de missões de grande escala ou perigosas, como captura de tropas alemãs, descarrilamento de trens e atos de sabotagem.
Propaganda nos muros franceses, o primeiro é um cartaz antissemita, o segundo faz apologia ao sacrifício dos soldados alemães para salvar a França e o terceiro alerta para os membros da resistência, chamados de Exército do crime.
As ações e a coragem dos membros da Resistência possibilitaram o Dia-D e a Libertação da França em 1944.
Alan Turing foi fundamental para a vitória Aliada na II Guerra Mundial, matemático brilhante, estudou em Cambridge e Princeton e trabalhava para o Code Cypher School, ligado ao Governo Britânico. A partir de 1939, trabalhou em Bletchley Park em um projeto ultrassecreto para decodificar os códigos militares usados pelos alemães.
Os alemães utilizavam a máquina Enigma como forma de enviar mensagens criptografadas em segurança, as cifras eram alteradas diariamente, o que dificultava ainda mais o trabalho dos matemáticos em Bletchley.
Turing e Gordon Welchman inventaram uma máquina conhecida como Bombe, dispositivo que reduziu significativamente o trabalho dos decifradores. A partir de 1940, os sinais da Força Aérea Alemã eram lidos em Bletchley e ajudou enormemente o esforço de guerra.
O papel de Turing foi fundamental para ajudar os Aliados durante a Batalha do Atlântico, ele decifrou as comunicações navais alemãs e conseguiu parar os ataques dos submarinos por meio de uma técnica que chamou de 'Banburismus', as mensagens navais da Enigma puderam ser lidas a partir de 1941.
Em julho de 1942, Turing desenvolveu uma técnica complexa de decifração de códigos que chamou de “Turingery” utilizado por outros em Bletchley para compreender a máquina de criptografia 'Lorenz'. Lorenz cifrou mensagens estratégicas alemãs de grande importância: a capacidade de Bletchley de lê-las contribuiu muito para o esforço de guerra Aliado.
Turing viajou para os Estados Unidos em dezembro de 1942, para aconselhar a inteligência militar dos EUA no uso de máquinas Bombe e compartilhar seu conhecimento sobre a Enigma.
Turing retornou a Bletchley em março de 1943, onde continuou seu trabalho em criptoanálise.
Em 1945, Turing recebeu uma OBE por seu trabalho durante a guerra.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, ele continuou sua pesquisa e publicou um projeto para o ACE (Automatic Computing Engine), que foi indiscutivelmente, o precursor do computador moderno.
Uma Enigma polonesa no Museu Memorial de Caen, Normandia, França
Em 1952, Alan Turing foi preso por homossexualidade – o que era então ilegal na Grã-Bretanha e foi considerado culpado de “indecência grosseira” (anulada em 2013), mas evitou uma pena de prisão ao aceitar a castração química.
Em 1954, ele foi encontrado morto por envenenamento por cianeto. Um inquérito determinou que foi suicídio.
O legado da vida e obra de Alan Turing só veio totalmente à luz muito depois da sua morte. O seu impacto na ciência da computação tem sido amplamente reconhecido: o 'Prêmio Turing' anual tem sido o maior prêmio nessa indústria desde 1966. Mas o trabalho de Bletchley Park - e o papel de Turing na decifração do código Enigma - foi mantido em segredo até a década de 1970.
Freddy Marky, Brian Pettit, Billy Few, Bobby Few e Peter McDermott (da esquerda para a direita) 'brincando' de Air Raid Warden perto dos trilhos da ferrovia na área operária, no sul de Londres. O cachorro de Freddy, Bob, deita-se confortavelmente ao sol. Durante a Batalha da Grã-Bretanha, aproximadamente 7.736 crianças foram mortas e igual número ficaram gravemente feridas.
Durante a guerra, o governo britânico criou um enorme plano de evacuação com o codinome Operação Pied Piper, ironicamente uma referência ao ameaçador conto de fadas alemão do Pied Piper. Cerca de três milhões de britânicos, a maioria deles crianças, foram deslocados das cidades para o campo. Alguns foram enviados para Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. Para as crianças deixadas para trás em Londres, a Blitz não foi apenas aterrorizante, mas também infinitamente entediante. A maioria das escolas foi usada para acomodar civis ou foi destruída por bombas, para se ter ideia, no distrito de West Ham, no início de 1941, apenas dezesseis das sessenta escolas municipais ainda funcionavam.
Britain at War by Rosie Newman
Rosie Newman foi uma cinegrafista amadora que, ao longo de todo o esforço de guerra na Grã-Bretanha, registrou milhares de cenas: os bombardeios durante as blitz, a destruição de Londres, os treinamentos dos pilotos e os incríveis Spitfires. Rosie editou as cenas em um filme de 99 minutos.
Nas margens do Volga, Stalingrado se localiza a cerca de 900 quilômetros de Moscou. Ante da invasão alemã, a cidade tinha cerca de 600 mil habitantes e suas fábricas produziam equipamentos bélicos pesados. Sua posição estratégica concede acesso às áreas petrolíferas no Cáucaso, bem como para a Ásia Central e o Mar Cáspio. Fator decisivo para a invasão nazista em 1941 e o rompimento do Pacto de Não Agressão.
Hitler planejava eliminar as forças soviéticas no sul, garantir os recursos econômicos da região e, em seguida, levar seus exércitos para o norte até Moscou ou para o sul para conquistar o restante do Cáucaso. Em 28 de junho de 1942, as operações começaram com vitórias significativas. Foram 200 dias e 200 noites sob ataque ininterrupto, utilizando a mesma tática bem sucedida no restante da Europa.
Soldados e civis se viram presos em meio a máquina de guerra muitas vezes superiores á soviética. Em pouco tempo, 90% da cidade tinha sido tomada. Cerca de 500 mil civis permaneceram na cidade, mais da metade eram mulheres e crianças.
Stalin - ou o partido - proibiu a evacuação dos civis, a cidade que leva o seu nome fosse mantida custe o que custasse. A indústria bélica deveria funcionar. Os trabalhadores das fábricas que tentassem sair sem permissão corriam o risco de serem processados como desertores sob duras leis trabalhistas.
Em 28 de Julho, as tropas ouviram a infame ordem “Nem um passo atrás”. Dado que as restantes fábricas de Stalingrado continuavam a produzir armamentos para a frente, os trabalhadores eram tratados como soldados mobilizados e tinham que manter a produção. O mesmo fizeram médicos, policiais, engenheiros de construção e técnicos de serviço. Em alguns casos, suas famílias ficaram com eles na cidade.
A contraofensiva do exército vermelho ocorreu em novembro e a proximidade do inverno devastou os alemães. A ofensiva final ocorreu em janeiro de 1943, e cada bairro da cidade foi sendo reconquistado até a capitulação final alemã em fevereiro.
Vassili Zaitsev (1915-1991), foi um condecorado como Herói da União Soviética e um dos mais importantes franco atiradores da URSS.
Quando criança, caçava lobos na taiga dos Urais com seu pai, que sempre o aconselhava a usar cada bala com consciência. Caçando, aprendeu a rastrear a presa e espreitar, habilidades que lhes foi essencial em Stalingrado. Em 1937, tornou-se marinheiro e integrou a frota soviética no Pacífico.
O ataque alemão fez com que as forças se concentrassem em Stalingrado e na defesa de Moscou. Zaitsev chegou a Stalingrado em 1942, como suboficial. Suas memórias registram o cheiro de carne queimada que pairava no ar.
A paciência, a frieza e a mira de Vasili chama a atenção de um coronel que lhe oferece um fuzil de franco atirador, um Moisin Nagant 91/30, o que lhe possibilita aumentar a distância em relação ao alvo, até 550 metros.
Zaitsev se tornou ícone patriótico, e alvo da propaganda para a GlavPurkka, o braço político do Exército Vermelho, para elevar a moral dos soviéticos na Ratenkrieg, a “guerra de ratos” nos porões e esgotos da cidade em ruínas.
Franco atiradora Ludmila Pavlichenko, ela contabilizou 309. Após a guerra, virou historiadora.
Na primavera de 1943, uma nova batalha começou para restaurar a cidade devastada. Lembrando-se de Stalingrado como o lugar das fontes e dos pássaros, os residentes que retornaram batizaram-na agora de “a Cidade dos Mortos”. No final de maio, as ruas haviam mais de 200 mil corpos de militares, tanto soviéticos como inimigos, bem como de 12 mil carcaças de animais. Stalingrado foi tão danificada que alguns propuseram construir uma nova cidade em outro lugar e deixar as ruínas como um memorial à batalha.
O custo humano para o Eixo foi de, pelo menos 750.000 baixas (mortos, desaparecidos ou feridos). O número real provavelmente é próximo a um milhão, não apenas alemães, mas também italianos, romenos, húngaros.
A Batalha de Stalingrado foi o momento mais sangrento da guerra na Frente Oriental, uma das mais brutais batalhas da história e marcou o fim da supremacia do Eixo na II Guerra Mundial.
📚 Vale a pena ler
Stalingrado e a virada nos rumos da II Guerra Mundial:
Dois amigos que sonham em pilotar desde a infância Pearl Harbor em treinamento. No domingo, 7 de dezembro de 1941, vivenciam o ataque à base militar e os eventos que se seguiram com a entrada dos Estados Unidos II Guerra Mundial.
"Soldados, marinheiros e aviadores da Força Expedicionária de desembarque Aliados! Os olhos do mundo estão sobre vocês. As esperanças e orações das pessoas amantes da liberdade em todos os lugares marcham com vocês."
Para uma invasão bem sucedida eram necessárias praias acessíveis a embarcações para desembarque de tanques e outros veículos e não muito longe dos portos britânicos ou da Alemanha, o objetivo final.
Havia duas possibilidades: as praias ao redor de Calais, 30 milhas do porto de Dover e 320 milhas da fronteira alemã, mais bem defendidas ou entre os portos de Le Havre e Cherbourg, na Normandia, mais distante da Alemanha, porém com defesa menos pesada.
A importância da Resistência para o Dia D
5 de junho, 23h00
Representação de membros da Resistência, Overlord Museum, Omaha Beach, Normandia, 2023.
A primeira parte do poema, transmitida por vários dias era: “Os longos soluços do outono”. A segunda parte de uma mensagem codificada na BBC "feriu o meu coração com uma languidez monótona". Esta frase de um poema de Verlaine era a certeza que os aliados desembarcariam, enfim.
Após a batalha da Normandia, o General Eisenhower afirmou: Nosso quartel-general estimou que os esforços das F.F.I.s (Forces Françaises de l'environnement - forças de resistência francesas), representaram o equivalente a 15 Divisões em nossa campanha. O apoio que prestaram nos ajudou a avançar rapidamente através de França.
A Resistência na Normandia consistia em 89 redes ou grupos, incluindo 14 Maquis (grupos clandestinos). As perdas foram elevadas: 3.095 resistentes franceses foram deportados, 1.056 dos quais morreram nos campos de concentração e 2.383 foram executados ou mortos em combate.
Desembarque e avanço das forças Aliadas na França, 1944. Cemitério Americano, Normandia
Batalha da Normandia, 1944. Museu Memorial da Batalha da Normandia de Bayeux
Os tetraedro anti invasão
Este tipo de tetraedro anti pouso foi recomendado pelo Marechal Rommel quando recebeu, a partir de novembro de 1943, a missão de inspecionar as defesas costeiras da Muralha do Atlântico. Convencido de que o sucesso dos desembarques aliados seria decidido desde as primeiras horas das operações por uma “invasão” anfíbia e constatando uma insuficiência defensiva das praias na Normandia, insistiu no reforço por obstáculos de todo o tipo.
Rommel fiscaliza as praias, Museu Memorial de Caen, Normandia.
Devido ao seu formato prismático, os tetraedros constituem um obstáculo muito eficiente, mesmo quando tombados voltam sistematicamente ao seu ponto. De simples fabricação, são compostos por seis barras de concreto armado de 1 a 2 m de comprimento, montadas em cada topo por uma haste metálica. Nas costas, posicionam-se em aglomerados à frente das posições de defesa alemãs (bunkers, casamatas) ou formando uma linha contínua ao longo das praias, além de outros elementos (ouriços checos, estacas), todos esses obstáculos podem ser conectados por fios metálicos e equipados com explosivos.
Produzidos em larga escala, é impossível definir o número exato para todo o setor de Landing Beach, apenas podemos estimar seu número em 45 em Gold e 150 no Utah.
Homenagens aos veteranos na Catedral Notre Dame de Bayeaux pelos 70 anos do Desembarque, em 1944
Homenagens aos veteranos na Catedral Notre Dame de Bayeaux - We remember - pelos 70 anos do Desembarque, em 1944
Agosto 1944: Jipes e outros veículos do Exército dos EUA passam pelas ruínas de Saint-Lo, a cidade foi alvo de 2.000 bombardeiros aliados tendo os alemães como alvo.
A missão de todos os “envolvidos” na criação e realização destes cemitérios pode ser resumida através da citação de Albert Schweitzer, Prémio Nobel: “Os cemitérios de guerra são os maiores pregadores da paz”.
Ruínas de Sant-Lô. Após os intensos bombardeios de junho e a luta que se seguiu entre os Aliados e Alemães, a cidade ficou conhecida como 'Capital da Ruína'. Museu Memorial de Caen, Normandia, França.
A chegada à Alemanha e a descoberta dos primeiros campos de concentração e extermínio:
Imagine viver em uma casa vizinha ao campo de concentração de Auschwitz, cultivar seu jardim, comemorar aniversários e brincar com as crianças na piscina. O magnífico Zona de Interesse choca ao representar a história verídica da família Höss entre os anos de 1941 e 1944.
Rudolf Höss foi o comandante de Auschwitz responsável pela implantação dos crematórios utilizados para se desfazer dos mortos nas câmaras de gás. Ele, sua esposa e filhos vivem em uma linda casa, com um magnífico jardim, do lado de fora dos muros do do campo.
Ali, enquanto as crianças se divertem, tiros e gritos ecoam. Nesse campo, cerca de 1,3 milhões de pessoas foram assassinadas.
Família Höss em 1943 na casa da família em Auschwitz - Institut für Zeitgeschichte München
Na cozinha, a esposa de Rudolf, Hedwig, está sentada fofocando com os amigos. Em outra sala, Rudolf se reúne com os engenheiros de um crematório. Mas a cena segue principalmente Aniela, uma jovem polonesa que trabalha em casa, preparando uma taça de de bebida para comemorar o aniversário do comandante e entregando-lhe botas durante sua reunião.
Crianças da família brincam na piscina - Institut für Zeitgeschichte München
Estrelas amarelas com menções judaicas. França, 1942-1944
Crematório III do campo de Auschwitz. O caminhão médico visível em primeiro plano trouxe ao local o médico SS de plantão e caixas de Zyklon-B. Dolere, 1945. Museu Memorial de Caen
Museu Memorial de Caen
Os Kirzners, uma família de Caen exterminada
Museu Memorial de Caen
Jacob Kirzner, um feirante da cidade, foi preso como refém após a sabotagem de uma ferrovia da região, e deportado durante a noite de 1 para 2 de maio de 1942 para o campo de Compiègne. Ele fez parte do comboio de 45 mil pessoas que partiu em 6 de julho para Auschwitz-Birkenau. Sua esposa, Krejla Kirzner, permaneceu em Caen com seus sete filhos.
As duas filhas mais velhas, Éliane e Sarah, foram presas durante a batida policial de 14 e 15 de julho de 1942, organizada contra os judeus de Calvados (cidade da região) e enviadas para o campo de Pithiviers. Em 3 de agosto de 1942, foram deportadas para Auschwitz-Birkenau.
Em 9 de outubro de 1942, a mãe e seus cinco filhos mais novos, incluindo as gêmeas Lydie e Annie de 4 anos, foram presos, enviados para Drancy e deportados para Auschwitz em 3 de novembro de 1942. Todos foram exterminados nas câmaras de gás.
O destino das crianças
Cerca de 4900 crianças belgas foram deportadas para Auschwitz, apenas 53 sobreviveram. Entre as crianças francesas, das 15.000 levadas através ao campo de Theresienstadt, uma centena ou menos sobreviveu. Outras 11.400 crianças foram deportadas desse país para outros campos de concentração e apenas 200 adolescentes voltaram para casa. Embora expressivos, os números não revelem tudo, são apenas estatísticas, e nada dizem sobre o horror absoluto vivenciado pelos que pereceram. Entre 5.100.000 e 5.800.000 judeus morreram na Europa durante o Holocausto. Aproximadamente 1.250.000 eram crianças, 9 em cada 10 delas morreram assassinadas sob todas as formas possíveis de crueldade.
Museu Memorial de Caen
Mochila pertencente a Roger Stern (segundo à esquerda), deportado para Auschwitz junto com seu irmão André e pais pelo comboio nº. 64 em 7 de dezembro de 1943. Esta mochila é apresentada no estado em que foi encontrada logo após sua prisão no pátio do prédio em que a família vivia.
Em 1945, após a queda do nazismo, apenas 100 a 120 mil crianças ainda estavam vivas em toda a Europa - de 6 a 11% - principalmente na Europa Ocidental. Havia regiões inteiras da Europa Central e Oriental onde não havia sequer uma criança.
Entre os que sobreviveram, um grande número era órfão e tive que sofrer o isolamento "interno" daqueles cuja "experiência" ninguém entende, e tentar levar uma vida "normal" "privada de confiança no mundo" (Jean Améry).
Como foi ser criança no final da II Guerra Mundial, na Alemanha Nazista?
Excelente roteiro do diretor Taika Waititi (que também interpreta o ditador alemão), apresenta a Alemanha nazista, já em 1945, prestes a ser derrotada na II Guerra Mundial, pela ótica do menino Jojo, que sonhou em completar 10 anos para poder integrar a Juventude Hitlerista.
Desde 1922, o partido Nazista recrutava jovens para as a Juventude Hitlerista (Hitler Jugand). A partir da chegada ao poder, em 1933, o movimento contava com aproximadamente 1 milhão de meninos e, em 1934, todos os outros movimentos juvenis foram declarados ilegais. Em 1936, o ingresso passou a ser obrigatório para meninos e meninas a partir dos 10 anos. As famílias que se recusassem a ter seus filhos nos quadros do movimento poderiam sofrer represálias.
Professores, curadores e restauradores ajudaram a salvar milhares de obras de arte roubadas pelos nazistas em toda Europa
Os nazistas roubaram obras de arte em uma escala sem precedentes na história da humanidade. Eles dilapidaram coleções de judeus enriquecidos e dos países conquistados. Saquearam museus e igrejas por toda a Europa.
Com o final da guerra, em 1945, os EUA criaram a seção militar de Monumentos, Belas Artes e Arquivos - mais conhecida como Monuments Men. Eles encontraram obras por toda parte – escondidas em cavernas, cofres de bancos, castelos remotos (como Neuschwanstein) e até mesmo em minas de sal, a centenas de metros abaixo do solo, numa mina de sal no sul da Alemanha, mais de 40 mil caixas continham obras de arte, armazenadas ali por guardado por segurança.
Os nazistas usaram desde minas a palácios e igrejas – como esta na cidade de Ellingen – para esconder as obras de arte roubadas e mesmo os registos do regime.
Soldados norte-americanos examinam o quadro 'Jardim de inverno' de Edouard Manet, achado na mina de sal de Altausse, 1945. A pintura festava entre as 400 pinturas dos museus de Berlim armazenadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. A caverna também armazenava ouro do Reichsbank e pertences pessoais das vítimas dos campos de concentração nazistas.
Monuments Man Daniel J. Kern e o restaurador de arte Karl Sieber olhando painéis da Adoração do Cordeiro Místico de Jan van Eyck na mina Altaussee, 1945
Um soldado segura uma obra de Leonardo da Vinci, Madonna e o Menino. A obra foi levada pela força aérea para Göring em Monte Cassino, o que teria deixado o general furioso, uma vez que não era adequado saquear os bens de um aliado (Itália).
Sargento Harry Ettlinger (à direita) e o tenente Dale Ford estavam entre os Monuments Men que, em 1945, ajudaram a repatriar um Rembrandt encontrado entre um tesouro de arte em uma mina de sal alemã.
Berlim, 1946 um policial estadunidense que chega à cidade para ajudar a criar uma força policial e tentar reestabelecer a ordem. Enquanto os aliados tratam da política e divisão das áreas da capital, a pobreza e o desespero em meio ao caos deixado pelos intensos bombardeios tomam conta dos alemães.
Os Aliados estabeleceram equipes de investigação de Crimes de Guerra. Até 1948, cerca de 350 casos envolvendo mais de 1.000 nazistas acusados tinham sido investigados. Destes, 667 foram condenados por crimes e 230 sentenciados à morte. Julgamentos por crimes de guerra também foram instaurados por muitos outros países, incluindo a União Soviética e a Polônia.
A caça aos criminosos de guerra foi acompanhada por campanhas para livrar a política, a indústria, a comunicação social, as artes e o poder judicial alemães e austríacos dos nazistas. Antigos membros do partido e das SS foram removidos de posições de poder e influência.
A quem pertecem as obras de arte roubadas pelos nazistas
A magnífica obra que representa Adele Bloch-Bauer (1907), de Gustav Klimt, atrai a atenção por si só, mas a história de como sua sobrinha, Maria Altmann, então com 80 anos, a recupera em uma batalha judicial contra o governo austríaco, digna das epopeias heroicas.
O mundo conheceu Adele como Klimt a pintou em 1907: em um vestido rodopiante em uma explosão de retângulos dourados, espirais e símbolos egípcios - ela se tornou o epítome da Idade de Ouro de Viena.
Adele costumava receber músicos, artistas e escritores no hall de sua enorme casa. A vanguarda da capital austríaca incluía o compositor Arnold Schoenberg - o advogado que cuidou do caso de Mary Altmann, em 1998, foi E Randol Schoenberg, neto do compositor.
A Áustria há muito afirmava que Adele Bloch-Bauer, que morreu em 1925 de meningite, deixou o retrato para o país em seu testamento. Mas os registros mostraram que a obra de arte pertencia a seu marido, o rico industrial Ferdinand Bloch-Bauer, que fugiu de sua terra natal em 1938. Quando ele morreu, em 1945, seus herdeiros foram os sobrinhos, entre os quais, Mary Altman.
Mary Viktoria Bloch-Bauer nasceu, filha de Gustav Bloch-Bauer e Therese Bauer, em 18 de fevereiro de 1916, em Viena, Áustria. A sua rica família judia, incluindo o seu tio Ferdinand e a tia Adele, eram próximas dos artistas do movimento da Secessão de Viena, que Klimt ajudou a estabelecer em 1897.
Mary cresceu visitando a grande casa de seus tios, que era repleta de quadros, tapeçarias, móveis e utensílios elegantes.
Em 1998, 44 países, incluindo a Áustria, assinaram os Princípios de Washington sobre Arte Confiscada pelos nazistas, um acordo que apelava a uma “solução justa e equitativa” para os judeus e outras vítimas da perseguição nazista. Nesse mesmo ano, o Parlamento austríaco aprovou uma lei exigindo que os museus abram os seus arquivos para investigação e devolvam os bens saqueados.
Nesse mesmo ano, Mary Altman consultou o advogado Schoenberg sobre o roubo da coleção de obras de Klimt, durante a II Guerra Mundial. A coleção incluía o famoso “Retrato de Adele Bloch-Bauer” - sua tia, que fazia parte do acervo da Galeria Nacional Austríaca e era considerada a Mona Lisa austríaca.
Ainda assim, o recém-criado painel de restituição austríaco negou a alegação da Sra. Altmann. Somente em 2006, depois da intervenção da Suprema Corte dos Estados Unidos, um acordo foi alcançado e cinco das seis pinturas em poder do governo austríaco foram devolvidas.
O “Retrato de Adele Bloch-Bauer” foi vendido em 2006 por US$ 135 milhões e hoje faz parte do acervo permanente da Lauder’s Neue Galerie in New York.
Ainda hoje, oito décadas após o final do conflito, cerca de 100 mil obras de arte expropriadas de seus donos pelo governo nazistas, continuam desaparecidas e sua devolução aos legítimos proprietários torna-se cada vez mais improvável.
Relatórios oficiais encomendados pela Suíça e pelos Estados Unidos detalhavam, por exemplo, como os suíços tinham renegado os acordos para devolver centenas de milhões de dólares em ouro roubado pela Alemanha nazi, enquanto os bancos suíços tinham concordado com um acordo de 1,25 mil milhões de dólares com o Holocausto. sobreviventes depois de terem sido processados por se recusarem a devolver bens depositados para custódia durante a guerra.
Entretanto, uma nova geração, menos interessada em encobrir pecados históricos, expôs as formas como governos, funcionários de museus, negociantes e compradores frustraram muitas vezes sistematicamente as tentativas de devolver bens e obras de arte roubados aos proprietários originais.