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terça-feira, 24 de agosto de 2010
Lutero 7˚s anos: informações adicionais para o roteiro
LUTERO: O FILME
Este artigo pretende mencionar, de maneira sucinta, alguns dos principais momentos do filme LUTERO, recentemente lançado no Brasil. Para àqueles que se interessarem pelo assunto, vale a pena conferir o filme, apresentado sem grandes alardes por parte da mídia nacional. Afinal o Brasil é um dos maiores países onde a religião predominante é o catolicismo. Talvez seja também por esta razão que os cinemas não "arriscaram" em divulgá-lo com tanta veemência, como tem feito em outros gêneros. É importante não esquecermos que as informações mencionadas a seguir, estão completamente embasadas no filme.
Martin Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III. Em sua primeira missa, Lutero obteve um desequilíbrio emocional. Na verdade, dúvidas que pairavam em sua mente, começaram a ganhar força. A partir deste momento, tais questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho "gratuito" ao amor de Cristo e da salvação, como veremos a seguir:
A visão de Lutero Quanto as Indulgências da Igreja Católica
Lutero doutorado em teologia, embora tentasse, não conseguia compreender alguns dogmas da Igreja para com seus súditos. Como por exemplo, a "oferta" de indulgências aos fiéis, em torça da salvação de suas almas do purgatório. Lutero fora para Roma conhecer de perto o centro do Catolicismo. Diante de uma enorme fila para ficar de frente o crânio do João Batista, exposto no interior da Capela Sistina. Depois de ficar por um momento diante de tal imagem, Lutero envolveu-se em outra fila, diante de uma enorme escadaria, neste lugar, qualquer fiel que tivesse interesse em livrar ou amenizar seus pecados, encurtar sua passagem pelo purgatório, deveria pagar um determinado valor. O procedimento era depositar moedas na caixa dos clérigos, distribuídos em uma enorme bancada estabelecida ao lado da escadaria. Lutero encarou tal "desafio" tendo de rezar uma determinada oração a cada degrau, até o topo. Quando Lutero depositou a moeda, um clérigo lhe disse: "seu avô agora será livre do purgatório, suba e reze a cada degrau". Quando Lutero chegou ao topo da escadaria, deparou-se com outras imagens que trariam "benefícios espirituais" para aqueles que às adquirisse.
Lutero Volta de Roma
Martin Lutero voltou de Roma, logo depois de presenciar o "comércio de indulgências" oferecido pela Igreja Católica, aos fiéis. Completamente decepcionado com a postura da Igreja, Lutero sentia-se atormentado pelo Diabo, e, em várias oportunidades acreditava que poderia conversar com o Diabo.
Lutero passou a estar convicto de que a Igreja comportava-se de um modo não harmonioso com os dizeres expressos na Palavra de Deus. Quando suas indagações atingiam momentos críticos em sua cabeça, ele costumava (geralmente madrugada a dentro) "conversar" com o Diabo, condenando-o por querer lhe provocar por meio de tentações constantes, em detrimento de sua postura frente à procura pela "verdade".
Lutero refletiu muito quando voltara de Roma, onde pode visualizar com seus próprios olhos cenas polêmicas referentes às atuações dos "representantes de Deus". Martin identificou, por exemplo, a existência de prostíbulos "específicos" para monges, centenas de pessoas entregando o pouco que possuíam para seu sustento em nome da "salvação" pregada pelos lideres católicos.
Lutero segundo o Príncipe Frederico
Fundador da Universidade, Frederico III sempre mostrou admiração por Lutero, talvez por sua enorme habilidade e dedicação presente em suas aulas, seja também por meio de seu profundo conhecimento teólogo, etc. O Príncipe defendeu e protegeu Lutero mesmo em momentos delicados de sua vida, como veremos adiante. Outro aspecto elogiado com referência a Lutero, condizia com sua coragem presente em sua trajetória de indagações à Igreja Católica.
A Visita de Tetzel em Wittenberg
Tetzel participava do processo de inquisição da Igreja. Deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma "esperança divina", visto que o julgamento de Deus estaria próximo. Tetzel proferiu um discurso aos fiéis da região com direito a imagens do purgatório para que os "verdadeiros tementes a Deus" pudessem conhecer o seu poder, recomendando assim, a compra da "passagem" ou livramento do purgatório. Alguns moradores da região "adquiriram" seu livramento após serem convencidos pela Igreja. Essas pessoas se encontraram com Lutero, que por sua vez, se mostrava piamente contra as indulgências, mencionando que tudo não passava de papéis com dizeres de meros homens. Martin Lutero alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente. A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa.
As 95 Teses de Lutero
Logo após a conclusão das 95 teses, Lutero pregou-as pessoalmente na porta da Catedral de Wittemberg. Fiéis da região passaram a ler o que havia nos papéis afixados. Em seguida, os escritos de Martin foram publicados em grande escala, atingindo assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa obteve rápido acesso deste material. Essas teses estavam compostas de algumas dimensões conceituais, conforme vemos abaixo:
" Teses aceitáveis ao Catolicismo
" Teses demagógicas
" Teses que supõem o conceito luterano de justificação
" Teses que procuram reconhecer o magistério do Papa
" Teses que denotam termos sarcásticos
Lutero e o Papa Leão X
Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às "verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas afirmações em respeito à Santa Igreja. Alguns de seus companheiros mais achegados o aconselharam a não desafiar Leão X, com receio à ser condenado como um herege frente a "Santa Igreja". O próprio Cardeal jamais esperava ouvir a reafirmação de Lutero sobre tudo o que já havia escutado por meio de outras pessoas e, sobretudo, pro meio de suas teses. A partir deste momento, Lutero deixou de ser considerado católico, definitivamente.
"Julgamento" das 95 Teses de Lutero
Martin Lutero não ficou livre das intenções da Igreja em julgá-lo pela elaboração das 95 teses. Leão X queria um "julgamento" em Roma. O Príncipe Frederico não concordou com as intenções da Igreja e conseguiu um acordo com seu sucessor, Carlos V para que tal situação ocorresse em Wittemberg. O Imperador disse ainda seria montado um esquema de segurança para Lutero, com intuito de acompanhá-lo até os limites da região. Esta segunda parte do acordo não foi realizada por Carlos V. Foi neste momento que Frederico demonstrou seu verdadeiro apreço por Lutero, providenciando alguns de seus homens para o "capturarem" antes da Igreja. Lutero ficou escondido em nos arredores da Universidade, foi também neste momento que Lutero tomou a decisão de traduzir a Bíblia para a língua alemã.
Lutero Traduz a Palavra de Deus em Língua Alemã
Enquanto estava escondido, Lutero ganhou tempo para traduzir a Palavra de Deus para língua alemã. Desta forma, ele esperava poder oferecer o acesso da bíblia a muitas outras pessoas que estavam verdadeiramente interessadas. Um dos exemplares fora dedicado especialmente ao Príncipe Frederico, que o aceitou de muito bom grado.
O Impacto da Postura de Lutero na Alemanha
Matin Lutero sem dúvida, provocou uma verdadeira reforma religiosa, inclusive na Alemanha. Muitos acompanharam suas idéias e deixaram para trás as doutrinas "sugeridas" pela Igreja Católica. Houve grandes confrontos entre protestantes e católicos, inúmeras pessoas morreram. A Catedral de Wittemberg não escapou da devassa dos revoltosos. Lutero pôde presenciar os estragos após a "guerra santa" em Wittemberg desencadeada e liderada por seu amigo professor da Universidade. Martin jamais admitira que o ocorrido fora em conseqüência do que ele pregava. Pois suas ideologias estavam, segundo ele, embasadas no verdadeiro amor de Cristo não em desrespeito, violência e revolta.
O Casamento de Lutero com Katharine
Logo após o conflito, algumas Freiras fugiram duma cidade distante com destino a Enfurt. Uma delas era Katharine Von Bora, uma freira que havia lido todo material de Lutero e queria muito o conhecer pessoalmente. Katharine foi além, casou-se com Martin e teve filhos. Tal fato, desafiando mais uma vez os líderes católicos. A "cúpula" que compunha o reinado de Carlos V deu total apoio negando-se a condenar Lutero com o herege, foi uma verdadeira vitória para aqueles que apoiavam as idéias luteranas.
Meio religioso para fim militar - Augsburg
No dia 21 de janeiro de 1530, o imperador Carlos 5º convocara uma Dieta imperial a reunir-se em abril seguinte, em Augsburg, no sul da Alemanha. Para dispor de uma frente unida contra os turcos nas suas operações militares, ele exigiu o fim do conflito entre protestantes e católicos.
Os príncipes e representantes das cidades livres do Império foram convidados a discutir as diferenças religiosas na futura Dieta, na esperança de superá-las e restaurar a unidade. Atendendo ao convite, o príncipe eleitor da Saxônia pediu aos seus teólogos em Wittenberg que preparassem um relato sobre as crenças e práticas nas igrejas da sua terra, que seria apresentado ao imperador.
Sob a coordenação de Philipp Melachton, foram reunidas as doutrinas compiladas nos documentos conhecidos como Artigos de Schwabach, de 1529, e Artigos de Torgau, de março de 1530.
Lutero, que não estava presente em Augsburg, foi consultado por correspondência, mas as emendas e revisões continuaram sendo feitas até a véspera da apresentação formal ao imperador, em 25 de junho de 1530. Assinada por sete príncipes e pelos representantes de duas cidades livres, a Confissão imediatamente foi reconhecida como uma declaração pública de fé.
De acordo com as instruções do imperador, os textos das confissões foram apresentados em alemão e latim. Diante da Dieta foi lido o texto alemão, que é, por isso, tido como mais oficial.
A Confissão representava um esforço para manter a Igreja unida e continha as principais teses da doutrina de Lutero, entre as quais as que dizem respeito à doutrina da justificação, ou da salvação. Mesmo que a Confissão tivesse sido redigida em estilo conciliador, evitando ataques e reivindicações, não foi aceita pela Igreja Católica e sua divulgação ficou proibida.
A rejeição da Confissão de Augsburg deu força à separação entre luteranos e católicos. Passaram-se quatro séculos de condenações recíprocas e guerras religiosas. O diálogo, suspenso em 1530, só recomeçou em 1967, após o Concílio Ecumênico Vaticano 2º.
Conclusões
Lutero morreu em 1546, aos 63 anos. Após seu casamento, ele ainda pregou seus entendimentos por mais dezesseis anos. Muitos dos que vieram a conhecer seus escritos ficaram de seu lado, dando continuidade ao processo de expansão. Os efeitos do protesto de Lutero perpetuam na sociedade alemã e em todo mundo.
Recomendo para aqueles que desejam conhecer um pouco mais da vida deste corajoso protestante, a assistirem "LUTERO". Um filme que está disponível nas melhores locadoras do país.
Escrito por: CRISTIANO CATARIN
Fonte: http://historianet.com.br
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