Organização de Informações:
-Slides
- Texto alegórico de Voltaire: O Elogio da Razão de Voltaire,
- Sugestão de exercícios adicionais sobre Iluminismo,
- Tabela de habilidades para nortear o estudo,
- Lista de exercícios adicionais atualizados
Ótimo estudo a todos
Em meados do século XVIII,
pensadores europeus exaltavam a razão e o espírito critico como “luzes” capazes
de clarear a mente das pessoas e de eliminar a escuridão da ignorância e da
miséria humana. A respeito disso, o francês Voltaire escreveu esta interessante
alegoria:
“Fez Erasmo, no século XVI, o Elogio da
Loucura. Vós me ordenais que vos faça o elogio da Razão. Essa razão, com
efeito, só costuma ser festejada duzentos anos após a sua inimiga, e às vezes
muito mais tarde; e existem nações onde ela ainda não foi vista.
Era tão desconhecida entre nós, (...) que nem
sequer tinha nome em nossa língua. (...) Apodrecemos por muito tempo nesta
horrível e desonrosa selvageria, da qual as Cruzadas não nos tiraram. (...) A
Razão ocultava-se em um poço, como a Verdade, sua filha. Ninguém sabia onde
ficava este poço, e, se o descobrissem, ali teriam descido para degolar mãe e
filha.
Depois que os turcos tomaram Constantinopla,
redobrando os espantosos males da Europa, dois ou três gregos, ao fugirem,
tombaram nesse poço, ou antes, nessa caverna, semimortos de cansaço, de fome e
de medo.
A Razão recebeu-os com humanidade (...)
Receberam dela algumas instruções, em pequeno número, pois a Razão não é
prolixa. Obrigou-os a jurar que não revelariam o local do sue retiro. Partiram,
e chegaram, depois de muito andar, aos salões reais.
Receberam-nos
ali como mágicos para distrair a ociosidade dos cortesãos e das damas,
no intervalo de seus encontros (...) Chegaram até a ser acolhidos pelo rei da
França, que lhes lançou um olhar de passagem, quando ia se encontrar com sua
amante. Mas eles foram melhor compreendidos nas pequenas cidades, onde
encontraram alguns burgueses que ainda tinham um pouco de senso comum.
(...) Esse fraco clarão se extinguiu em toda
a Europa, entre as guerras civis que a assolaram. Duas ou três faíscas da Razão
não podiam aclarar o mundo no meio das tochas ardentes e das fogueiras que o
fanatismo ascendeu durante tanto tempo. A Razão e sua filha ocultaram-se mais
que nunca. (...) Enfim, há algum tempo lhes deu vontade de ir em perseguição a
Roma disfarçadas e anônimas, por medo da Inquisição. (...) O papa reconheceu os
disfarces e as beijou cordialmente. Apos os cumprimentos, trataram de negócios.
Logo no dia seguinte, o papa aboliu leis, diminuiu impostos de que o povo se
queixava, estimulou a agricultura e as
artes, fez-se estimado por todos.
Satisfeitas,as duas se despediram do papa e
continuaram a viagem sem precisar de disfarces. Passaram pela Itália, pela
Alemanha, pela Áustria, pela Inglaterra e a França.
- Minha filha- dizia a Razão à Verdade –
creio que nosso reino poderia bem começar, após tão longa prisão. Era preciso
passar pela trevas da Ignorância e da
Mentira antes de entrar no seu palácio de luz, de que foste expulsa comigo
durante tantos séculos. Acontecerá conosco o
que aconteceu com a Natureza: esteve ela coberta de um véu e toda
desfigurada durante inúmeros séculos. Afinal chegou um Galileu, um Copérnico,
um Newton, que a mostra quase nua, fazendo os homens enamorarem-se dela. (...)
Vejo que há dez ou doze anos os europeus se vêm
empenhando para pensar mais solidamente do que haviam feito durante
milhares de séculos. Ousou-se pedir justiça. Ousou-se enfim, pronunciar o nome
Tolerância.
- Pois bem, minha filha, gozemos destes belos
dias; fiquemos por aqui, se durarem; e, se vierem tempestades, voltaremos ao
nosso poço.”
Fragmentos de Voltaire, Elogio Histórico da Razão, 1775. In: Contos. São
Paulo: Abril Cultural, 1972 p. 649-656.
1) Como podemos observar os ideais iluministas de
Voltaire nas entrelinhas do texto? O que o motivou a escrever o esta obra?
2) No início do texto, Voltaire cita Erasmo de
Roterdam, que em 1509 escreve Elogio da
Loucura, onde discorre com ironia, sobre as formas de estupidez humana.
Voltaire escreve Elogio da Razão. Descreva quais as principais diferenças entre a Loucura e a
Razão. Por que, em sua opinião, Voltaire chamou a Loucura de Inimiga da Razão?
3) Comente: “... A Razão ocultava-se num poço,
com a Verdade, sua filha. Ninguém sabia onde ficava este poço, e, se o
descobrissem, ali teriam descido para degolar mãe e filha.”
4) Por que a mensagem da Razão, transmitida
pelos fugitivos gregos, encontrou melhor acolhida entre os burgueses das
cidades?
5) Comente: “... Duas ou três faísca de Razão não
podiam aclarar o mundo no meio das tochas ardentes e das fogueiras que o
fanatismo acendeu durante tantos anos...”
Adicionais:
Voltaire e a desigualdade
Voltaire escreveu romances, peças teatrais, além de trabalhos sobre filosofia e ciências. Sempre, em seus textos, ele manifesta críticas ácidas e irônicas contra reis, nobres, ministros, religiões, teorias científicas e filosóficas. O trecho a seguir foi retirado do livro Dicionário Filosófico, de 1764, onde discorre sobre a desigualdade:
“O que deve um cão a um cão, um cavalo a um cavalo? Nada. Nenhum animal depende de seu semelhante. Tendo, porém, o homem recebido o raio da divindade a que se chama Razão, qual foi o resultado? Ser escravo em quase toda a terra. Se o mundo fosse o que parece ser, isto é, se em toda parte os homens encontrassem subsistência fácil e certa e clima apropriado à sua natureza, impossível teria sido a um homem servir-se de outro. (...)
No estado natural de que gozam os quadrúpedes, aves, répteis, tão feliz como eles seria o homem, e a dominação, quimera, absurdo em que ninguém pensaria: para que servidores se não tivésseis necessidade de nenhum serviço? (...) Todos os homens seriam necessariamente iguais, se não tivessem necessidades. A miséria que avassala a nossa espécie subordina o homem ao homem – o verdadeiro mal não é a desigualdade: é a dependência. Pouco importa chamar tal homem Sua Alteza, tal outro Sua Santidade. Duro, porém, é um servir o outro. (...) Impossível neste mundo miserável, que a sociedade humana não seja dividida em duas classes, uma de opressores, outra de oprimidos. Essas duas classes subdividem-se em mil outras (...) Nem todos os oprimidos são absolutamente desgraçados. A maior parte nasce nesse estado, e o trabalho contínuo impede-os de sentir toda a miséria da sua própria situação.
Todo o homem nasce com forte inclinação para o domínio, a riqueza, o prazer e, sobretudo a indolência (...) Tal como é, é impossível o gênero humano subsistir, a menos que haja uma infinidade de homens úteis que nada possuam. Porque, claro é que homem satisfeito não deixará sua terra para vir lavrar a vossa. (...) Igualdade é, pois, a coisa mais natural e ao mesmo tempo mais fantasiosa. Como se excedem em tudo que deles dependa, os homens exageram essa desigualdade”.
VOLTAIRE, Os Pensadores. V. 23. São Paulo: Abril Cultural, 1973. P. 223-224. Adaptado)
1) Pode-se afirmar que o texto de Voltaire é um texto iluminista? Apresente argumentos do texto para validar sua resposta.
2) Como Voltaire apresenta a desigualdade e a dependência? Relacione às informações à sociedade do período (século XVIII).
Montesquieu e a divisão dos poderes
“Há, em cada Estado, três espécies de poderes: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem do direito das gentes, e o executivo das que dependem do direito civil. Pelo primeiro, o príncipe ou magistrado que faz as leis por certo tempo ou para sempre e corrige as que estão feitas. Pelo segundo, faz a paz ou a guerra, envia ou recebe embaixadas, estabelece a segurança (...) Pelo terceiro, pune os crimes ou julga as querelas dos indivíduos.(...)
A liberdade política, num cidadão, é esta tranquilidade de espírito que provém da opinião que cada um possui de sua segurança, para que tenham esta liberdade, cumpre que o governo seja de tal modo, que um cidadão não possa temer outro cidadão. Quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura o poder legislativo está reunido ao poder executivo, não existe liberdade, pois se pode temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado apenas estabeleçam as leis tiranicamente. Se num Estado livre todo homem que supõe ter uma alma livre a si próprio, é necessário que o povo, no seu conjunto, possua o poder legislativo”.
( MONTESQUIEU, O Espírito das Leis, Livro XI, Cap. VI)
1) Pode-se afirmar que o texto iluminista? Apresente argumentos do texto para validar sua resposta.
2) É possível afirmar que, neste trecho, Montesquieu faz uma oposição entre liberdade e absolutismo? Justifique.
3) Levando em conta seus conhecimentos sobre as teorias apresentadas por Montesquieu, compare essas ideias às apresentadas por Voltaire no trecho: “Todo o homem nasce com forte inclinação para o domínio, a riqueza, o prazer e, sobretudo a indolência”. Explique.
Rousseau e a propriedade- do livro: Da origem das desigualdades entre os Homens:
“O primeiro que concebeu a ideia de cercar uma parcela de terra e dizer “Isso é meu!” e encontrou gente suficientemente ingênua que lhe desse crédito, foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos delitos, guerras, assassinatos, desgraças e horrores teria livrado o gênero humano aquele que, arrancando as estacas, enchendo os sulcos divisórios, gritasse: “Cuidado, não dê crédito a este trapaceiro; você perecerá se esquecer de que a terra pertence a todos”. (...)
Comparei, sem preconceito, o estado do homem civilizado com o do homem selvagem, e investigai, seu o puderdes, como além de sua maldade, das suas necessidades e da sua miséria, o primeiro abriu novas portas à miséria e a morte. Se considerardes o sofrimento de espírito que nos consomem, as paixões violentas que nos esgotam e nos desolam, os trabalhos excessivos de que os pobres estão sobrecarregados, a moleza ainda mais perigosa à qual os ricos se abandonam, uns morrendo de necessidades e outros de excessos; se pensardes nas monstruosas misturas de alimentos, na sua perniciosa condimentação, nos alimentos corrompidos, nas drogas falsificadas, das velhacarias dos que as vendem, nos erros daqueles que as administram (...) e prestardes atenção nas moléstias epidêmicas oriundas da falta de ar das multidões de seres humanos reunidos; (...) “
1) Quais os aspectos iluministas presentes no texto? Explique suas escolhas.
2) Por que para Rousseau a propriedade privada seria a origem de todos os males sociais?
Exercício 4:
Leia a seguir os versos do poeta inglês do século XVII Alexander Pope:
“A natureza e suas leis permaneciam na obscuridade.
Deus disse; Faça-se Newton
E tudo se tornou Luz”
(ROBERTS, J. M. History of the role. Oxford University Press, 1993)
a) De acordo com o texto, indique uma característica do Iluminismo.
b) “Século das Luzes”: é assim que se costuma designar o século XVIII. A que deve-se esse título?
Habilidades para a P1: 07/03
Aula/ Assunto
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Habilidades
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01
e 02 : O Antigo Regime e o Iluminismo
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Entender o iluminismo como parte do processo que desmontou o absolutismo.
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Compreender que os princípios iluministas do século XVIII são norteadores
para a formação dos valores da sociedade contemporânea.
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Identificar como iluministas as teorias que propunham o fim do absolutismo e
do mercantilismo.
- Perceber a aplicação dos ideais
iluministas em contextos diferenciados;
- Conceituar
Liberalismo político e econômico, suas semelhanças e diferenças.
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03
: A crise do Antigo Regime: Independência dos EUA
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- Compreender
o processo de independência americano no que se refere ao descontentamento
com o Pacto Colonial e os impostos abusivos,
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04
a 06 : A Revolução Francesa:
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- Compreender a abrangência do termo
Revolução.
- Entender a revolução francesa como
um marco na história contemporânea,
- Compreender a diversidade do
Terceiro Estado e a multiplicidade de interesses envolvidos na Revolução,
- Relacionar à crise financeira e a
eclosão da Revolução,
- Compreender como foi possível, na
França revolucionária, a ascensão do imperador Napoleão.
- Entender
como a burguesia deixou de ser revolucionária e passou a ser conservadora.
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07
e 08 A Europa e o período Napoleônico/ A Europa e o Congresso de Viena:
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- Compreender os motivos que levaram a
burguesia francesa a apoiar Napoleão Bonaparte,
- Relacionar o ambiente conflituoso
europeu aos múltiplos conflitos entre França e Inglaterra no período, em
busca de hegemonia,
- Entender o Congresso de Viena como
mecanismo para reorganização da Europa pós Napoleão.
- Relacionar a formação da Santa
Aliança como resposta das Grandes potencias em defender o absolutismo da
ameaça revolucionária francesa.
- Compreender os aspectos que fizeram
da Inglaterra a maior potência econômica da Europa no século XIX.
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Para Treinar: lista adicional com exercícios atualizados abordando desde o Iluminismo até a Revolução Industrial (conteúdo do nosso primeiro simulado) - as respostas estão no final.