O Conde de Monte Cristo (baseado na obra de Alexandre Dumas).
EUA, 2000
- Após ser traído por seu melhor amigo e encarcerado por 13 anos, um homem decide levar adiante seu processo de vingança, fugindo da prisão e voltando a sua cidade natal como um misterioso conde.
- 1. Pesquise e registre as definições de liberdade (anote a fonte).
- 2. Qual das definições melhor se encaixa à realidade vivenciada por Edmund Danté? Justifique sua escolha.
- 3. Relacione Liberdade e Iluminismo.
Voltaire e o elogio da Razão
Em meados do século XVIII, pensadores europeus exaltavam a razão e o espírito critico como “luzes” capazes de clarear a mente das pessoas e de eliminar a escuridão da ignorância e da miséria humana. A respeito disso, o francês Voltaire escreveu esta interessante alegoria:
“Fez Erasmo, no século XVI, o Elogio da Loucura. Vós me ordenais que vos faça o elogio da Razão. Essa razão, com efeito, só costuma ser festejada duzentos anos após a sua inimiga, e às vezes muito mais tarde; e existem nações onde ela ainda não foi vista.
Era tão desconhecida entre nós, (...) que nem sequer tinha nome em nossa língua. (...) Apodrecemos por muito tempo nesta horrível e desonrosa selvageria, da qual as Cruzadas não nos tiraram. (...) A Razão ocultava-se em um poço, como a Verdade, sua filha. Ninguém sabia onde ficava este poço, e, se o descobrissem, ali teriam descido para degolar mãe e filha.
Depois que os turcos tomaram Constantinopla, redobrando os espantosos males da Europa, dois ou três gregos, ao fugirem, tombaram nesse poço, ou antes, nessa caverna, semimortos de cansaço, de fome e de medo.
A Razão recebeu-os com humanidade (...) Receberam dela algumas instruções, em pequeno número, pois a Razão não é prolixa. Obrigou-os a jurar que não revelariam o local do sue retiro. Partiram, e chegaram, depois de muito andar, aos salões reais.
Receberam-nos ali como mágicos para distrair a ociosidade dos cortesãos e das damas, no intervalo de seus encontros (...) Chegaram até a ser acolhidos pelo rei da França, que lhes lançou um olhar de passagem, quando ia se encontrar com sua amante. Mas eles foram melhor compreendidos nas pequenas cidades, onde encontraram alguns burgueses que ainda tinham um pouco de senso comum.
(...) Esse fraco clarão se extinguiu em toda a Europa, entre as guerras civis que a assolaram. Duas ou três faíscas da Razão não podiam aclarar o mundo no meio das tochas ardentes e das fogueiras que o fanatismo ascendeu durante tanto tempo. A Razão e sua filha ocultaram-se mais que nunca. (...) Enfim, há algum tempo lhes deu vontade de ir em perseguição a Roma disfarçadas e anônimas, por medo da Inquisição. (...) O papa reconheceu os disfarces e as beijou cordialmente. Apos os cumprimentos, trataram de negócios. Logo no dia seguinte, o papa aboliu leis, diminuiu impostos de que o povo se queixava, estimulou a agricultura e as artes, fez-se estimado por todos.
Satisfeitas,as duas se despediram do papa e continuaram a viagem sem precisar de disfarces. Passaram pela Itália, pela Alemanha, pela Áustria, pela Inglaterra e a França.
- Minha filha- dizia a Razão à Verdade – creio que nosso reino poderia bem começar, após tão longa prisão. Era preciso passar pela trevas da Ignorância e da Mentira antes de entrar no seu palácio de luz, de que foste expulsa comigo durante tantos séculos. Acontecerá conosco o que aconteceu com a Natureza: esteve ela coberta de um véu e toda desfigurada durante inúmeros séculos. Afinal chegou um Galileu, um Copérnico, um Newton, que a mostra quase nua, fazendo os homens enamorarem-se dela. (...) Vejo que há dez ou doze anos os europeus se vêm empenhando para pensar mais solidamente do que haviam feito durante milhares de séculos. Ousou-se pedir justiça. Ousou-se enfim, pronunciar o nome Tolerância.
- Pois bem, minha filha, gozemos destes belos dias; fiquemos por aqui, se durarem; e, se vierem tempestades, voltaremos ao nosso poço.”
Fragmentos de Voltaire, Elogio Histórico da Razão, 1775. In: Contos. São Paulo: Abril Cultural, 1972 p. 649-656.
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