Olá pessoal;
Sempre adorei os relatos produzidos por aqueles que vivenciaram os conflitos, é tão real, tão cheio de emoções... Faz tudo parecer mais vivo, como se tivesse acabado de acontecer. A I Guerra Mundial foi chamada de Grande Guerra não a toa, foi um conflito sem precedentes, não somente pelos 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, mas pelas dimensões que assumiu na vida daqueles que foram obrigados a passar por ela e nas feridas profundas que deixou sem cicatrizar.
Há alguns anos li o livro Vozes Roubadas, diários de guerra, organizado por Zlata Filipovic e Melanie Challenger. Como não me emocionar com os relatos da jovem Piete Kuhr, sua ingenuidade e olhar singular sobre os acontecimentos que castigavam sua Alemanha? Sempre tento dividir essas emoções com vocês, meus alunos, meus ouvintes...
Ano passado, pesquisando para o blog encontrei o blog da Marcella Rossetti e adorei o trabalho que ela realizou com seus alunos e, como vocês me surpreenderam com as músicas maravilhosas no ano passado, vamos utilizar o material como modelo! Confiram como ficou legal!!!
Verifiquem também o site da Veja na História, não só as edições sobre a I Guerra Mundial, mas também muito outros temas super interessantes.
http://veja.abril.com.br/historia/
Fica também a dica de ótimos filmes como o romance francês: Eterno Amor http://www.adorocinema.com/filmes/eterno-amor/ Feliz Natal: http://www.adorocinema.com/filmes/feliz-natal/
Fica também a dica de ótimos filmes como o romance francês: Eterno Amor http://www.adorocinema.com/filmes/eterno-amor/ Feliz Natal: http://www.adorocinema.com/filmes/feliz-natal/
Vamos lá? Munam-se de seus sentimentos dramáticos e mergulhem nessas fascinantes histórias!
Texto 1:
1914:
Hoje é dia 1˚ de agosto de 1914. Faz muito calor. Faz muito calor. Começaram a colher o centeio no dia 25 de julho, já está quase branco. Quando passei por um campo esta noite, colhi três ramos e fixei-os sobre a minha cama com uma tachinha.
A partir de hoje a Alemanha está em guerra. Minha mãe me aconselhou a escrever um diário sobre a guerra; ela acha que poderá me interessar quando eu for mais velha (...)
Foram os sérvios que começaram. No dia 28 de julho, eles receberam o príncipe herdeiro Francisco Ferdinando e sua esposa Sophie. O casal real estava passeando de carro pela cidade de Sarajevo, e enquanto o carro passava, com eles acenando, houve uma emboscada e tiros foram disparados. Ninguém sabe quem foi o autor. O jornal diz que toda a Áustria Hungria está num alvoroço indescritível. Em Viena um ultimato foi redigido e enviado à Sérvia, mas os sérvios o rejeitaram. Todos dizem que os sérvios desejam a guerra para poderem manter seu estado de independência e que a Rússia irá apoiá-los. (...)
Áustria-Hungria, Alemanha, Sérvia, Rússia e França mobilizaram seus exércitos. Não fazemos ideia de como será a guerra. Há bandeiras em todas as casas da cidade, como se estivéssemos em época de algum festival (...)
1914:
Hoje é dia 1˚ de agosto de 1914. Faz muito calor. Faz muito calor. Começaram a colher o centeio no dia 25 de julho, já está quase branco. Quando passei por um campo esta noite, colhi três ramos e fixei-os sobre a minha cama com uma tachinha.
A partir de hoje a Alemanha está em guerra. Minha mãe me aconselhou a escrever um diário sobre a guerra; ela acha que poderá me interessar quando eu for mais velha (...)
Foram os sérvios que começaram. No dia 28 de julho, eles receberam o príncipe herdeiro Francisco Ferdinando e sua esposa Sophie. O casal real estava passeando de carro pela cidade de Sarajevo, e enquanto o carro passava, com eles acenando, houve uma emboscada e tiros foram disparados. Ninguém sabe quem foi o autor. O jornal diz que toda a Áustria Hungria está num alvoroço indescritível. Em Viena um ultimato foi redigido e enviado à Sérvia, mas os sérvios o rejeitaram. Todos dizem que os sérvios desejam a guerra para poderem manter seu estado de independência e que a Rússia irá apoiá-los. (...)
Áustria-Hungria, Alemanha, Sérvia, Rússia e França mobilizaram seus exércitos. Não fazemos ideia de como será a guerra. Há bandeiras em todas as casas da cidade, como se estivéssemos em época de algum festival (...)
Piete Kuhr
“Queria tanto ir com eles ! Não quero ficar para trás e ser criança ! Tenho tanta pena dos soldados e dos cavalos” – Piete Kuhr, 06/08/1914
“Queria tanto ir com eles ! Não quero ficar para trás e ser criança ! Tenho tanta pena dos soldados e dos cavalos” – Piete Kuhr, 06/08/1914
Bibliografia: FILIPOVIC, Zlata; Challenger, Melanie (org). Vozes roubadas: diários de guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Texto 2:
22 de agosto de 1914
“De repente, uns silvos estridentes nos precipitaram
ao chão, apavorados. A rajada acaba de estalar sobre nós Os homens, de joelhos,
encolhidos, com a mochila sobre a cabeça e encurvando as costas, se apegavam
uns aos outros. Por baixo da mochila dou uma espiada nos meus vizinhos:
arquejantes, sacudidos por tremores nervosos e com a boca contraída numa
contração terrível, batiam os dentes e, com a cabeça abaixada, tem o aspecto de
condenados oferecendo a cabeça aos carrascos. Esta espera da morte é terrível.
O cabo, que havia perdido seu capacete, me diz: rapaz, se soubesse que isso era
a guerra e que vai ser assim todos os dias, prefiro que me matem logo. (…) Na
sua alegre inconsciência, a maioria dos meus camaradas não havia jamais
refletido sobre os horrores da guerra e não viam a batalha senão pelas cores
patrióticas: desde nossa saída de Paris, o Boletim do Exército nos conservava
na inocente ilusão da guerra ser um passeio e todos acreditavam na história dos
boches se renderem aos magotes. (…) A explosão daquele instante, sacudiu nosso
sistema nervoso, que não esperava por isso, e nos fez compreender que a luta
que começava seria uma prova terrível. Escute meu tenente, parece que se
defendem estes porcos!”
Diário do ten. Galtier-Boissière, na
frente ocidental em 22 de agosto de 1914.
Texto 3:
30 de agosto de 1914
[...] Os combates persistem com
selvageria por todo o front oriental. Ao longo de toda a extensão de quase
quatrocentos quilômetros a luta segue furiosa. Se ficarmos bem parados e
prestarmos atenção, é possível sentir o chão tremendo levemente sob nossos pés.
É uma sensação esquisita.
Colunas inteiras de refugiados da
Prússia Oriental passaram pela cidade. Muitos estão chorando. Mas outros ficam
bem quietos. Há mães com crianças bem pequenas. Elas metem as crianças sob os
xales e as deixam mamar. Os trazeiros dos pequeninos estão assados porque as
mães não têm fraldas suficientes para poder secá-las. Nós rasgamos antigos
lençóis e camisas e demos a elas os retalhos para que embrulhem os bebês. [...]
Piete Kuhr
Bibliografia: FILIPOVIC, Zlata; Challenger, Melanie (org). Vozes roubadas: diários de guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Bibliografia: FILIPOVIC, Zlata; Challenger, Melanie (org). Vozes roubadas: diários de guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Texto 4:
“Os efeitos produzidos
são bastante lamentáveis. O recruta recém-chegado recomeça a inquietar-se,
sucedendo o mesmo com os outros dois. Um deles escapa, desaparecendo a correr.
Os dois outros nos dão trabalho. Precipito-me atrás do fugitivo sem saber se
lhe devo dar um tiro nas pernas. Ouço neste momento um assobio; deito-me no
chão e quando me levanto vejo a parede da trincheira coberta de estilhaços de
obus, ensanguentada por pedaços de carne e de restos de uniforme. Volto para o
nosso abrigo.”
Remarque
Texto 5:
O campo de batalha é terrível. Há um
cheiro azedo, pesado e penetrante de cadáveres. Homens que foram mortos no
último outubro estão meio afundados no pântano e nos campos de nabo em
crescimento. As pernas de um soldado inglês, ainda envoltas em polainas,
irrompem de uma trincheira, o corpo está empilhado com os outros; um soldado
apóia seu rifle sobre eles. Um pequeno veio de água corre através da
trincheira, e todo mundo usa a água para beber e se lavar; é a única água
disponível. Ninguém se importa com o inglês pálido que apodrece alguns passos
adiante. No cemitério de Langermak, os restos de uma matança foram empilhados e
os mortos ficaram acima do nível do chão. As bombas alemãs, caindo sobre o
cemitério, provocam uma horrível ressurreição. Num determinado momento, eu vi
22 cavalos mortos, ainda com os arreios. Gado e porcos jaziam encima, meio
apodrecidos. Avenidas rasgadas no solo, inúmeras crateras nas estradas e nos
campos.
Rudolf Binding, alemão.
Rudolf Binding. Um
fatalista na guerra. Em: Adhemar M. Marques, Flávio Berutti e Ricardo Faria.
História contemporânea através de textos. 3. ed. São Paulo, Contexto, 1994, p.
119.
Texto 6:
Na frente Ocidental, as condições de guerras finais em 1915 eram aterrorizadoras (…). Durante o Mês de Novembro a chuva foi tão intensa que muitas trincheiras tinham água até os joelhos e por vezes até a cintura. Houve um episódio nesse mesmo inverno que foi falado em toda frente Ocidental. Sobre um parapeito alemão narrou um homem chamado Gibbs (correspondente na linha de frente):
Na frente Ocidental, as condições de guerras finais em 1915 eram aterrorizadoras (…). Durante o Mês de Novembro a chuva foi tão intensa que muitas trincheiras tinham água até os joelhos e por vezes até a cintura. Houve um episódio nesse mesmo inverno que foi falado em toda frente Ocidental. Sobre um parapeito alemão narrou um homem chamado Gibbs (correspondente na linha de frente):
‘’Apareceu um cartaz
onde se lia; em grandes letras: ‘’Os ingleses são idiotas. Não somos tão
idiotas quanto eles’’, disse ao sargento, e pouco depois o cartaz foi feito em
pedaços com fogos de metralhadoras. Apareceu outro cartaz, que dizia: ‘’Os
Franceses são idiotas’’. A lealdade para os nossos aliados causou a destruição
desse cartaz. Surgiu um terceiro cartaz: ‘’Somos todos idiotas. Vamos, mas é
para casa”. Esse cartaz, assim como os outros também foi destruído. Mas essa
mensagem causou alguns sorrisos, e os homens diziam: “Há muito de verdade naquelas
palavras.” Porque é que isto tem que continuar? È por causa do que?”. Os velhos
que começaram essa guerra que venham lutar entre eles. /…/ Os homens que estão
à lutar não tem nenhuma questão séria entre eles. Queremos ir todos para as
nossas casas, para nossas mulheres, para o nosso trabalho. Mas nenhum dos lados
estava preparado para ser o primeiro para ir à suas casas. Ambos os lados
tinham caído numa armadilha- uma armadilha infernal, na qual não tinha
escapatórias.
Martin Gilbert. A Primeira Guerra Mundial.
Texto 7:
“O odor fétido nos penetra garganta a dentro ao
chegarmos na nossa nova trincheira, a direita dos Éparges. Chove
torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha
afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos
estarrecidos que nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres
e que as lonas que nossos predecessores haviam colocado estavam para ocultar da
vista os corpos e restos humanos que ali haviam.”
Raymond Naegelen, na região de Champagne.
Texto 8:
Não há cobertura para
nossos soldados. Diversos são atingidos antes de chegarmos ao continente. Vejo
alguns deles tombarem nos botes lotados, tão logo levantam para sair, alvejados
pelos projéteis inimigos. Graças a Deus, restam apenas mais algumas jardas.
Assim que os barcos atracam, eles pulam. Em alguns casos, a terra firme está mais longe do que
imaginam, e os soldados precisam arrastar-se para a margem com água na cintura.
Os menos preparados afundam com seu equipamento pesado. Mas a maioria chega em
segurança, joga-se na areia e, de trás de suas mochilas, começa a atirar.
Madrugada de 22 de
abril de 1915. Comandada pelos britânicos, a frota da Tríplice Entente
prepara-se para iniciar a operação anfíbia que almeja a tomada do estreito de
Dardanelos, passo primeiro da conquista da Turquia. Os botes que levam os
soldados às praias estão partindo. Eric Bush, guarda-marinha de um dos
barcos-escolta do HMS Bacchante, descreve a cena.
Almofadados
para evitar qualquer barulho, os remos são baixados cuidadosamente nos botes.
Alguns soldados ajustam o equipamento, outros apertam a fivela do capacete ou
ainda azeitam seus rifles. Porém... As cornetas em terra firme dão o alarme.
Fomos avistados! As luzes se acendem. O inimigo abre fogo. Começa a chuva de
balas. Está escuro o suficiente para vermos o espocar dos rifles e metralhadoras
e claro o suficiente para reconhecermos os otomanos se movimentando em terra.
O major Shaw, da 29º
Divisão britânica, uma das mais experientes de toda a operação e que estava
encarregada de tomar as praias do cabo Helles, está em uma dessas embarcações.
A cerca de cem jardas
da praia, o inimigo abriu fogo, e o chumbo veio quente, espirrando água por
todos os lados. Eu não vi ninguém ser atingido nos botes – mas muitos foram,
como meus contramestre-sargento e major-sargento, que estavam sentados a meu
lado. Estávamos tão apertados, próximos uns aos outros, que não era possível se
mover. Eles ficaram ali, sentados, mortos.
Quando o senti o
barco tocar em terra, corri em direção ao arame farpado na praia,
locomovendo-me pela água que devia estar ainda a um metro de altura. Descobri
que apenas Munsell e outros dois homens haviam me seguido. À direita de mim, em
um rochedo, havia uma fileira de otomanos em uma trincheira, atirando em nossa
direção. Olhei para trás. Uma fila de soldados encontrava-se disposta nas
bordas da areia. O mar estava absolutamente vermelho, e era possível ouvir
os gemidos em meio ao ruído da fuzilaria. Havia alguns poucos dos nossos
atirando de volta. Eu os chamei para avançar. O soldado atrás de mim, porém,
gritou: "Fui atingido no peito." Percebi então que todos haviam sido
atingidos.
Texto 8:
O suboficial Johnson, da divisão naval britânica, chegou com segurança à praia e posicionou-se em um pequeno buraco próximo à trincheira.
Texto 8:
O suboficial Johnson, da divisão naval britânica, chegou com segurança à praia e posicionou-se em um pequeno buraco próximo à trincheira.
Por quase uma hora,
as enormes armas não pararam de cuspir projéteis, enquanto nos afundávamos nos
buracos das trincheiras. Era bom quando dois caras podiam ficar juntos em um
desses buracos – significava companhia. As pernas e os pés ficam para fora, mas
as costas e a cabeça estão protegidas por talvez cinquenta, sessenta
centímetros de terra, que qualquer cápsula ordinária pode destruir em um
centésimo de segundo. É melhor nem pensar nisso. Acendemos um cigarro e ficamos
olhando um para a cara do outro. É melhor esperar. Tudo que você vê é o lado
oposto da trincheira de areia, que você encara com um olhar vago e distante. Os
projéteis gritam alto e com frequência, e você ouve os rangidos, os berros e as
explosões misturados. O chão abaixo e em seu entorno está tremendo e
chacoalhando.
A fumaça entra no
buraco e eu e meu companheiro começamos a tossir. Metade da areia que estava na
superfície nos protegendo agora está em nosso pescoço e dentro de nossa calça.
Nos perguntamos se um dia esse bombardeio irá parar... Mas de repente, os
barulhos cessam e o ar fica claro. Percebemos que, ao menos por enquanto, o
bombardeio parou. Depois de esperarmos mais alguns minutos, para ter certeza,
saímos do buraco, em direção às trincheiras. Olhamos por sobre ela e tudo que
vemos é um horizonte sem sinal de vida.
Retirado de Veja na
História
Texto 9:
Condições putrefatas
de higiene atraem companhia indesejável nas trincheiras: piolhos –
Batalhões de insetos perseguem recrutas – Ratos
comedores de
cadáveres enojam soldados de todos os lados
Dia inteiro e a noite
estrelada
Por eles não posso
descansar ou dormir,
Nem me esconder ou
bater em retirada.
Então em minha agonia
eu os massacrei
Até de vermelho
minhas mãos banhar
Em vão – quanto mais
rápido eu matava
Mais cruéis ainda
eles conseguiam voltar.
Eu matei e matei, com
loucura assassina,
Matei até esgotar
toda a minha garra,
E eles se levantavam
para me torturar
Porque diabos só
morrem fazendo farra.
Antes eu achava que o
demônio se escondia
No sorriso das damas
e no vinho gostoso
Eu o chamava de Satã,
de Belzebu
Mas agora o chamo de
piolho asqueroso.
(“Os Imortais”, poema
do soldado britânico Isaac Rosemberg)
Fonte: http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1916-julho-batalha-somme/piolhos-trincheiras-insetos-ratos-cadaveres.shtml
Fonte: http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1916-julho-batalha-somme/piolhos-trincheiras-insetos-ratos-cadaveres.shtml
Texto 10:
Na noite do dia 10, discutíamos a missão
do dia seguinte quando o telefone tocou. Uma voz quase histérica gritou a
notícia em meus ouvidos: às 11 horas da manhã seguinte, a guerra acabaria. Nossa
missão estava cancelada. Para nós, a guerra acabou naquele momento. Desliguei o
telefone e olhei para meus pilotos. Todos perceberam a importância daquele
telefonema. Silêncio total no recinto.
“A guerra acabou!”, gritei. Todos
ficamos loucos. Berrando como malucos, corremos para pegar qualquer arma ou
sinalizador para atirar para o alto! /…/
Olhei para meu relógio. Um minuto para
as 11 horas. Trinta segundos. E então 11 horas, a décima-primeira hora do
décimo-primeiro dia do décimo-primeiro mês. Eu era a única platéia do maior
espetáculo já apresentado na Terra. De ambos os lados da terra de ninguém, as
trincheiras entraram em erupção. Homens com uniformes marrons irromperam das
trincheiras americanas, uniformes cinza-esverdeados saíam das alemãs. Do meu
assento de observador, acima, vi atirarem seus capacetes para o ar, abandonarem
suas armas e acenarem para o outro lado. Então, de um lado a outro do front, os
dois grupos de homens começaram a avançar na terra de ninguém. Segundos antes,
eles estavam dispostos a atirar um nos outros; agora eles se aproximavam. Inicialmente,
de forma hesitante, mas depois com mais rapidez /…/.
De repente, uniformes cinzas se
misturavam aos marrons. Eu pude vê-los abraçando uns a outros, dançando,
pulando. Americanos distribuíam cigarros e chocolate. Voei para o setor
francês. Lá era tudo ainda mais incrível. Depois de quatro anos de carnificina
e ódio, eles estavam não apenas se abraçando, mas também se beijando nas duas
bochechas também.
Bombas, foguetes e sinalizadores subiam
aos céus, e dei meia-volta rumo à base.
A guerra havia acabado.
Eddie Rickenbacker “Ás dos Ases”, piloto
americano.
Fonte: http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1918-novembro-guerra-acabou/eddie-rickenbaker-depoimento-piloto-cessar-fogo.shtml
Fonte: http://veja.abril.com.br/historia/primeira-grande-guerra-mundial/1918-novembro-guerra-acabou/eddie-rickenbaker-depoimento-piloto-cessar-fogo.shtml
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