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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024
Pointe du Hoc e a Operação Overlord
A Muralha do Atlântico
A decisão de construir a Muralha do Atlântico (dezembro de 1941) foi resultado da entrada dos Estados Unidos na guerra e o fracasso da Wehrmacht às portas de Moscou.O envio da maior parte das tropas alemãs para a frente oriental prejudicou perigosamente as defesas do Ocidente, onde pairava a ameaça de um desembarque anglo-americano. Tratava-se, portanto, de construir um sistema de defesa que permitisse à “Fortaleza Europa” resistir a um ataque anfíbio aliado.
A construção da "Muralha" começou na primavera de 1942. Cerca de 11 milhões de toneladas de concreto foram necessários para construir mais de 15.000 edifícios ao longo de 6.000 km de costa que se estende da Noruega até a fronteira franco-espanhola. A Muralha do Atlântico era composta por obras fortificadas de diversas dimensões, dispostas a distâncias variadas.
Bombardeio em maio de 1944 - localização estratégica de Pointe du Roc, US National Archives.
Pointe du Hoc - entre Omaha e Utah Beach e a Normandia
Na Segunda Guerra Mundial, as forças alemãs ocuparam Pointe du Hoc e transformaram o local tranquilo numa fortaleza fortificada que protegia uma bateria de armas pesadas.
Detalhe de uma das inúmeras casamatas da Pointe du Hoc, esta estava em construção quando do desembarque, em 1944.
Em 1943, os comandantes aliados iniciaram os preparativos detalhados necessários para organizar, transportar, desembarcar e apoiar milhares de soldados que desembarcariam na Normandia. As unidades de assalto aliadas praticavam exaustivamente operações de combate enquanto os logísticos armazenavam armas, suprimentos e equipamentos.
Após meses de coleta e análise de informações, a Inteligência aliada escolheu a Normandia como local para a invasão, embora a região não oferecesse as condições ideais para tamanha operação: as praias não tinham portos, as correntes oceânicas e as mudanças climáticas repentinas poderiam causar estragos nas embarcações de desembarque. Prever as melhores condições – lua cheia para navegação, marés baixas para expor obstáculos na praia e ventos calmos para operações aéreas – seria essencial.
Durante os preparativos para a Operação Overlord, sabendo das condições geográficas da região, os Rangers, divisão de escaladores estadunidense, realizaram um exigente treinamento para poder escalar às escarpas de Omaha e neutralizar a bateria da Pointe du Hoc, de onde os alemães tinham uma visão estratégica tanto da baía de Omaha quanto de Utah e poderosos canhões à disposição.
Pointe du Hoc tornou-se o principal alvo do bombardeio aéreo e naval pré-invasão, mas apenas um ataque terrestre poderia garantir que os canhões seriam neutralizados no Dia D.
A bateria da Pointe du Hoc, com as armas de 155 MM e o posicionamento estratégico, eram uma ameaça real ao desembarque. Os canhões pesados tinham alcance das praias de Utah e Omaha, bem como a frota de invasão no mar. Os Aliados temiam que a bateria devastasse as forças antes mesmo do desembarque.
Casamata, detalhe para o dano causado pelo bombardeio no canto superior
Replica de Casamata alemã no Memorial de Caen
Casamata alemã na Muralha do Atlântico. Memorial de Caen, Normandia
Os Aliados planejaram originalmente os desembarques na Normandia para 5 de junho de 1944, mas a mudança do tempo forçou o General Eisenhower a atrasar a invasão por 24 horas. Na madrugada do dia 6, os paraquedistas saltaram na escuridão em dezesseis terrenos. O sucesso dependia do sigilo absoluto e cooperação contínua entre as forças navais, terrestres e aéreas.
Escalada das falésias no Dia D, US National Archives.
Logo pela manhã, os Rangers do Exército dos EUA escalaram o penhasco de 27 metros para capturar esta posição fortemente defendida.
Em dois dias de lutas intensas e dramáticas, os Rangers enfrentaram a defesa alemã, concentrada a oeste de Pointe, em torno do bunker antiaéreo ocidental, reforçada pela presença de um canhão de 88 mm.
Mesmo assim, resistiram ao forte contra-ataque alemão, com poucos suprimentos e munições. A ajuda apenas chegou no dia 08/06, atrasados por uma resistência muito forte, em Vierville-sur-Mer e na estrada em direção a Pointe du Hoc. Essas ações ajudaram a estabelecer a posição aliada e a iniciar a libertação da Europa.
Frente ao pesado bombardeio, partes do penhasco desabou. Os Rangers escalaram o penhasco que, em alguns locais, atingem 30 metros, conquistaram as baterias - os alemães removeram os canhões e realizaram um contra-ataque. Dos 225 homens que desembarcaram, apenas 90 sobreviveram.
Vista aérea das falésias a leste de Pointe du Hoc, particularmente bombardeadas, US National Archives.
Resistentes franceses, homens e mulheres fundamentais para o sucesso do Dia D e a retomada da França e do continente europeu pelos Aliados.
A invasão da Normandia foi o maior desembarque de tropas da História. Os soldados tiveram que desembarcar sob fogo inimigo, abrir caminho através de defesas formidáveis, derrotar os esperados contra-ataques alemães e criar uma cabeça de praia segura para lançar novas operações.
Destroços no dia 8 de junho de 1944, US National Archives.
Dos 225 Rangers que desembarcaram, apenas 90 homens estavam em condições de continuar a lutar, no dia 8 de junho. 96 deles foram mortos e 32 desaparecidos.
Inúmeras crateras, resultado compensado bombardeio nos dias 06 e 07 de junho de 1944.
Homenagens
Em Point du Hoc, as homenagens são seguidas das fotografias, assim como em todo o caminho que leva às praias do desembarque. São meninos, milhares deles, que tiveram a vida interrompida pela guerra.
Como Eisenhower, só posso esperar nunca mais ter que ver cenas como essa... 80 anos depois, não há como não se sentir triste por toda uma geração, Aliados ou do Eixo, envolvidos nessas atrocidades.
Sargento Walter Geldon, Companhia C, 2º Batalhão de Rangers, 6 de junho de 1944 foi o terceiro aniversário de seu casamento. Ele e seus companheiros Rangers cantaram canções para comemorar a ocasião pouco antes de desembarcar em Omaha. O antes trabalhador siderúrgico de 23 anos, da Pensilvânia, foi abatido por fogo inimigo poucos minutos depois de desembarcar. Quando sua viúva morreu em 2002, aos 78 anos, ela foi enterrada ao seu lado no cemitério americano, na Normandia.
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