O prédio
Projetado pelo arquiteto Samuel Roder, o Museu Judaico de São Paulo (MUJ) ocupa o prédio do templo Beth El, no bairro Bela Vista.
Na fachada, lê-se: “Que esta seja a casa de oração para todos os povos”
Entre 1932 a 2010, o espaço foi a sinagoga da comunidade Beth El, frequentadas por judeus imigrantes, vindos do Leste Europeu, sobretudo no período Entreguerras (1919-1945). Ali, gerações celebraram seus ritos sagrados.
O Museu abriga o maior acervo judaico da América Latina e possibilita ao visitante conhecer a diversidade de expressões, histórias, tradições e memórias judaicas e a coexistência pacífica entre diversos grupos sociais.
No teto, fotografias individuais ou de famílias ajudam o visitante a imaginar quantas histórias e memórias fazem parte da trajetória dessas pessoas ao longo dos séculos XX e XXI.
Fontes históricas e a preservação da memória
Os mais de 4000 objetos possibilitam ao visitante analisar fontes históricas, como um detetive do passado, um historiador que interroga os objetos em exposição, são fontes:
- materiais, como brinquedos, roupas, adornos (joias, relógios).
- visuais: fotografias, mapas, gravuras, pinturas.
- textuais: livros e documentos.
- sonoros e visuais: filmes e gravações.
Fontes históricas rituais
O calendário
O calendário judaico é lunissolar, ou seja, considera tanto os ciclos solares quanto lunares. A contagem do ano é feita a partir da crença da criação do primeiro homem e da primeira mulher por Deus.
Para os judeus, o ano 2024 corresponde ao ano 5784 ou 5785 depois que Deus criou o mundo.
Torá - É a bíblia hebraica. É escrita à mão com tinta especial e pergaminho especiais. Ali estão as regras e crenças do judaísmo.
Menorá em bronze - objeto ritual religioso
Candelabro de sete braços (83,5 cm. de altura): O acervo conta com menorot (plural) de diferentes épocas.
Mesa do Sêder (Ordem)
É o jantar festivo em que o povo judeu relembra – por meio da alimentação, da leitura e de canções – as fases de sua libertação do Egito.
Relato de Esther (Meguilat Ester)
Feito em Veneza, Itália, século XVIII. Escrito em hebraico e ilustrado com desenhos e aquarela;
Feito em Veneza, Itália, século XVIII. Escrito em hebraico e ilustrado com desenhos e aquarela;
O Pergaminho narra a história da rainha da Pérsia, Esther e da tentativa de extermínio do povo judeu que vivia nesse território.
A Meguilá é o livro lido durante a festa de Purim e no seu pergaminho está descrita história da Rainha Esther na Pérsia, a história da festa judaica de Purim que conta tentativa de extermínio do povo judeu na Pérsia antiga durante este reinado. com suporte de marfim torneada com anéis e pergaminho com manuscritos.
Além da leitura dessa história, no Purim se celebra a vitória do povo judeu em seguir sua fé, todos ficam alegres, fazem brincadeiras, enviam comidas à família e amigos e também aos necessitados.
Escultura: Dois velhos indo para a Sinagoga (1939).
O homem leva uma bengala e um talit - um acessório religioso em forma de um xale feito de seda, lã ou linho, com as tsitsiot (franjas). Ele é usado como uma cobertura na hora das preces, principalmente na oração de Shacharit (feitas pela manhã). As franjas funcionam como lembrete dos 613 mandamentos do judaísmo. Já a mulher carrega um livro com uma estrela de David na mão esquerda.
Rosh Hashaná (Cabeça do Ano)
No Museu há inúmeros cartões de felicitações para o novo de diferentes épocas do século XX.
Boneca de uma jovem mulher rezando na mesa de Shabat (dia sagrado de descanso)
- O que costuma-se desejar para a família e os amigos no Ano Novo?
Boneca de uma jovem mulher rezando na mesa de Shabat (dia sagrado de descanso)
Na mesa, há um livro de rezas e uma chalá, o pão especial que se come no shabat. Ela pertenceu a Marcus Fisher que, antes da Primeira Guerra Mundial, levou-a consigo quando imigrou para Buenos Aires e, posteriormente, quando veio para o Brasil.
Fotografias e vestimentas
Vestimentas de casamento, início do século XX
Fotografias da exposição de Marcelo Brodsky (fotógrafo argentino)
Família de Marcelo Brodsky, sua avó está destacada no centro da imagem, 1911.
- O que teria levado essa família a imigrar, vindos da Rússia, para um país tão distante e culturalmente diferente como a Argentina?
- Quais esperanças traziam consigo?
- O que é possível perceber sobre as relações familiares ao analisar as fotografias?
Família de Marcelo Brodsky, nessa fotografia, de 1911, sua avó Rosa 1911 está ao lado do irmão.
Lembrar e não esquecer
O dia 6 de maio é Yom HaShoá, o "Dia da Lembrança do Holocausto". A exposição Lembrar e não esquecer descreve esse período terrível da história do povo judeu por meio de diversas fontes históricas:
Passaporte alemão de Elly SARA Bukofzer. Para identificar as mulheres judias, Sara foi incluído ao nome.
- Em que cidade o documento foi expedido? Quando? O que ela representava para o Estado Nazista?
- Por que as mulheres judias tinham seus nomes alterados?
- Como se sentiam?
Esses objetos levam o visitante a refletir sobre como era a vida daquelas pessoas que os utilizaram:
- O que Lori escreveu em seu diário?
- Quem era e o que sonhava a menina dona da boneca?
- Como chamava essa sua filhinha?
Conheça a história de Ruth Sprung: https://www.facebook.com/reel/7322016994563115
Relógio de Bolso de Moisés Dzialowski
Durante todo o período em que esteve preso em campos de concentração, Moisés Dzialowski escondeu o relógio em seu sapato.
- Como o homem conseguiu esconder o relógio em meio aos horrores dos campos de concentração?
- Qual o valor afetivo desse objeto a ponto de seu dono correr o risco de ser reprimido caso fosse descoberto?
As irmãs Edith e Eleonore
Esse cachorrinho de pelúcia cruzou o Atlântico e ofereceu conforto a Edith e Eleonore Posva durante a imigração das meninas ao Brasil, na década de 1940.
As irmãs Edith e Eleonore Posva durante a viagem para o Brasil
A família Hahn (Betty, Wilhelm e as duas filhas Edith e Eleonor) foi vítima da perseguição nazista, a polícia entrou à força em sua casa. Marchas do Partido ocorriam nas ruas.
Devido às condições impostas aos judeus no período, Edith nasceu prematura sem unhas nem cabelo. Wilhelm, foi preso e Betty pagou para que ele fosse libertado. Na Kristallnacht, novembro de 1938, os nazistas quebraram as janelas acima das camas das crianças.
Vestido de Edith Ida e Eleonore Posva
Sara Wild, mãe de Betty, foi deportada para Riga. Seu filho Heinrich viu os nazistas levarem sua mãe embora, mas não pôde fazer nada. Ela levou consigo apenas uma pequena mala e passou três dias e três noites no trem até chegar ao seu destino. Ali, foi baleada na floresta de Rumbula.
A família Hahn deixou a Alemanha em 1940, Edith tinha 3 anos e Eleonore, 4 anos com destino ao Brasil sem falar português e sem recursos. https://www.jl-gunzenhausen.de/de/wild.html
Além das memórias do Holocausto, um painel favorece a reflexão com a atualidade ao apresentar manchetes relacionadas à violência a que minorias são vítimas no Brasil, reafirmando o compromisso do Museu com a preservação da memória e do compromisso contínuo com a justiça e a humanidade.
Para conhecer o Museu Judaico de Paris, clique: https://aquisotemhistoria.blogspot.com/2023/10/a-musica-nos-campos-de-concentracao.html
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